Sexta-feira, 6 de Dezembro de 2024
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Ascenso Simões
Ascenso Simões
Ex-Deputado do PS na Assembleia da República

Mais uma grande superfície?

A APA colocou em audição pública um microplano de ordenamento de todo o terreno que existe a norte entre a rotunda do Quartel e a Timpeira. Esse instrumento vai permitir a instalação de uma unidade da Mercadona.

Decidi participar nessa consulta e dou agora conta da minha posição. Faço-o porque o município deveria ponderar bem as decisões a tomar.

Faz sentido instalar em Vila Real mais uma grande superfície comercial? A minha resposta é – NÃO!

O concelho tem perto de 50 mil pessoas. Dessas retiramos 15 mil que sejam idosos, crianças e jovens que não são clientes habituais das grandes superfícies. Dos restantes 35 mil afastemos 10 mil, porque vivendo em família só um dos membros fará compras. Ficamos com 25 mil permanentes de compras.

Ora, existem na cidade as seguintes unidades: 3 Pingo Doce, 1 Mini Preço, 1 Lidl, 1 Intermarché, 1 Aldi, 1 Auchan e 1 Continente que vendem de tudo. No mesmo caminho há 12 unidades de comércio com origem oriental e na comida rápida há hoje 3 unidades.

Façamos agora uma distribuição do número de consumidores úteis por cada média/grande superfície e temos nada mais nada menos que 2.800. Penso que já ultrapassámos os limites.

E faz sentido sob o ponto de vista económico?

Muitas pessoas dirão que a concorrência é boa. Não sou um neoliberal e, portanto, não concordo com o totalitarismo da afirmação. Desde logo há três efeitos – a saída imediata do concelho de 70% dos recursos que entram nas unidades que referi porque todas elas consolidam de forma nacional ou noutros países (1); o alastramento dos salários a um nível muito baixo (o que pagam ao grosso dos seus colaboradores) que não criam uma cidade socialmente estruturada (2); quanto mais unidades médias e grandes houver menos comércio tradicional haverá. E sempre foi este último que construiu o elevador social.
Por fim, faz sentido sob o ponto de vista urbanístico?

Nas nossas casas fazemos questão de ter o hall da entrada arranjado, digno, mesmo que outros cómodos o não estejam. Ora, as cidades são como as nossas casas. Vila Real tem duas grandes entradas – a Rotunda da República e a Rotunda R13. E se se autorizar a construção do Mercadona vamos passar a ter armazéns e mais armazéns na entrada norte.

Todo aquele espaço deveria observar uma urbanização criteriosa, de altíssima qualidade, de reconhecido mérito arquitetónico. Precisamos disso em Vila Real. Com mais um mastodonte perdemos essa ambição, mesmo que também venha a haver ali habitação. Será mais uma coisa disforme, feia, que marcará negativamente o futuro da cidade.

Esta minha posição em nada implicará as decisões que parecem ter sido tomadas. Mas a ser construído um Mercadona em Vila Real que o fosse no Monte da Forca. Tinha a vantagem de dar uma função aos terrenos contíguos do Estádio, permitia uma nova realidade urbana a poente de Vila Real.

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