Ocorre-nos associar à sua desfaçatez, perante os deputados, com aquilo que se está a passar na Banca em geral e na CGD em particular.
Em primeiro lugar, a responsabilidade de todos aqueles que, ao tempo, concederam créditos avultados, não apenas a esta personalidade, mas a tantos outros (hoje) devedores à Banca e que levaram esta à falência (CGD, BES, BPP, BANIF, BPN, …). A generalidade dos cidadãos interroga-se, com razão, se os gestores daquelas instituições não deveriam também ser responsabilizados, uma vez que foi a sua irresponsabilidade, ou no mínimo, as facilidades que concederam, que levou ao descalabro das instituições bancárias. Cá estaremos todos, à espera que se faça justiça, sé é que ainda há justiça.
Em sentido contrário, parece-nos que alguns gestores bancários estarão agora a exagerar, na cobrança de comissões aos seus depositantes que entregam as suas economias à guarda destas instituições. Dos Bancos privados nada temos a opinar, porque os seus administradores só devem explicações aos seus acionistas. Porém, no que se refere à CGD, cujo acionista único é o Estado, temos o direito e, eventualmente, o dever de o fazer.
Há menos de dois meses, a Administração da CGD anunciou que havia tido no ano de 2018, um lucro superior a 600 milhões de euros, montante que ia entregar, ou já entregou, ao Ministério das Finanças. Como se sabe, estes lucros são gerados pela boa aplicação dos dinheiros nos créditos que vão concedendo à economia e ainda, pelas comissões que cobram aos clientes pelos serviços prestados, na generalidade dos casos, por guardarem o dinheiro dos depósitos.
Seria curial, que tendo sido tão elevados os lucros apurados no ano anterior, que houvesse agora o anúncio de um abaixamento nas comissões bancárias, em particular, as relativas ao serviço dos depósitos dos clientes, na sua maioria depositantes que recebem as suas pensões e vencimentos através daquele banco.
Espanto! A mexida nas comissões sobre depósitos é extensa. Não vamos aqui reproduzi-la, mas citamos a título de exemplo, o agravamento no preço dos levantamentos feitos ao balcão através de uma caderneta. Se antes custavam um euro por operação, passaram a 2.75 euros a que ainda acresce os 4% do imposto de selo.
Estamos a lembrar as centenas de milhares de concidadãos nossos, gente humilde e semianalfabeta que a única coisa que conhece é a sua caderneta, registo religioso das suas pequenas poupanças. De repente, vão passar a apagar quase 3 euros para levantar aquilo que o Estado lhes deve?
Dr. Paulo Macedo! Assim é fácil fazer uma boa gestão! Se é isso que o seu patrão (o Ministro das Finanças) lhe exige, extorquir aos depositantes o suor das suas economias, não lhe invejamos a sorte. Mas que é uma violência, é. Haja decoro!