Como escreveu em subtítulo tratou-se de um volume de 444 páginas, cheias como um ovo, de «usos e costumes em Monte de Arcas, uma aldeia da Montanha Transmontana nos meados do século XX». Uma Monografia que mostra e demonstra aquilo é um tratado científico numa qualquer aldeia Valpacense, digna desse nome. Mesmo que não tivesse tempo de escrever qualquer outra obra, esta bastaria para ficar registada para memória futura.
Já em 2019 reapareceu António Mosca com um novo livro, desta vez, em dois temas especiais: «O gato que plantava afetos, subdivididos em cinco momentos e Rapazes e Bichos», em oito subtemas, curtos mas incisivos, todos com cheiro telúrico e bicharada cantante, desde o «cuco à Bubela», ao «Pito – verdeal», às «manhas da raposa Manca», à «cadeia Mouca», «ao burro sineiro», à «borrega Estrela».
A obra é apresentada em duas partes distintas: O Gato que plantava afetos, dedicado «a todos os que gostam de animais» e Rapazes e Bichos. Cada uma destas duas partes abre com um desenho artístico de Andrea Baulé e em capa do sobrinho do autor: Pedro Mosca.
Uma pausa de dez anos separa estas duas obras literárias que deixo aqui registadas na semana em que o Seminário de Vila Real, encerrou portas. Foi destinado a Instituição de formação de jovens do distrito de Vila Real. Verdadeiramente foi o primeiro estabelecimento de ensino superior que abriu portas a muitos milhares de centenas, eventualmente, de milhares de jovens que, de outra maneira, não teriam prestado tão relevantes serviços à região e ao país.
Orgulho-me de ter sido um desses, entre muitos. Aí vivi 10 dos meus 80 anos de vida. Honro-me muito de nunca ter conhecimento de qualquer caso desses que tanto envergonham a Igreja católica. Nomeadamente de cariz sexual. Graças a Deus! E honro-me muito de tantos professores e ex-alunos que brilharam no firmamento das ciências das artes e das letras. Não fomos melhores nem piores. Mas fomos diferentes porque as terras, as populações, o ambiente em que nos criámos, fizeram com que fossemos o que fomos, o que criámos, o que idealizámos, o que os anos mostraram e de que não nos envergonhamos.
Escrevo esta nota pessoal antes do Convívio anual previsto para dia 18. Vamos reunir-nos, muitos ex-alunos que chegarão de perto e de longe. Todos vamos sofrer uma desilusão, por não podermos voltar ao Seminário de Santa Clara. O Convívio será na Petisqueira, em Lordelo. Daqui a 15 dias, prometo falar do livro com todas as músicas do Padre Minhava. Mons. Salvador Parente e o Altino Moreira Cardoso, trabalharam muito para esta justa homenagem a um dos maiores de nós todos: Mons. Ângelo Minhava.