Peço aos leitores deste meu Visto a melhor compreensão para o facto de aqui fazer referência a uma instituição a que me sinto profundamente ligado, o que, aliás, serviu de pretexto ao Prof. Fernando Pinto, Presidente do Conselho Diretivo da Fundação Museu do Douro, para me lembrar isso mesmo por ocasião das comemorações dos 25 anos da publicação da Lei nº 125/97, de 2 de dezembro, que cria o Museu da Região do Douro.
Constituiu clara e profunda preocupação, na génese do museu, que este viesse a ser um fator de desenvolvimento de uma região que, apesar do seu peso nas exportações agrícolas, pela importância do Vinho do Porto, mantinha índices de desenvolvimento bastante abaixo das médias europeia e nacional. Basta consultar as atribuições, tal como constam no artigo 6º. Ora, “Desenvolvimento é qualidade: no trabalho, no lazer, no ambiente residencial; desenvolvimento é um processo global e plurifacetado de mudança tendo em vista a qualidade de vida, animado pela solidariedade e justiça social, alimentado pela participação coletiva enquanto força de expressão e realização individual”, nas palavras de Raul Lopes. Por sua vez, cultura, na aceção da UNESCO, que se julga poder ser mais consensual, é «conjunto de traços distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou grupo social. Ela engloba, para além das artes e das letras, os modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças».
Neste sentido, é fácil reconhecer nas atividades que o MD tem vindo a desenvolver as marcas atrás enunciadas. Enquanto infraestrutura cultural, cria condições para fruir cultura, para valorizar aspetos da identidade da região e da comunidade que nela reside e trabalha, enfim, para interpretar o território duriense na sua riqueza plurifacetada. Mais ainda! Motiva a visita à região, de muitos que procuram património cultural e de outros que não dispensam conhecer melhor Francisco Laranjo (presente, neste momento, com uma exposição sobre a sua visão da região do Douro), ou Armanda Passos, no espólio que doou.
De igual modo é gratificante constatar que o MD atraiu para a região quadros qualificados da área da cultura e fixou outros daqui naturais. De igual modo se constata que vêm ao MD investigadores consultar os seus arquivos. E revitaliza e divulga os saberes. Mas não resisto a lembrar como é importante ter um Serviço Educativo que vai à aldeia e entrevista a jovem pastora de Sambade, a única pastora que resiste. Porque, afinal, “a paisagem somos nós”.