Sexta-feira, 24 de Outubro de 2025
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O país e a imigração

O problema da imigração, que o país tem enfrentado nos últimos tempos, escancarou mais uma vez uma deficiência da nossa cultura política e governativa, já há muito identificada, sem remédio à vista

Não se reflete com tempo, projetando-se o futuro, não se antecipam os problemas, não se definem estratégias e planos atempadamente para o que se quer para o país. Deixa-se ir andando e depois resolve-se, tomando-se medidas, por vezes atabalhoadamente, conforme as necessidades imediatas. Há uma década atrás, pelo menos, que se percebeu que o país, devido à baixa natalidade e ao envelhecimento da população, iria ter um fluxo de imigração e que só com a imigração se conseguiria manter de pé e dar sustentação aos setores nevrálgicos da nossa economia. O assunto deveria, desde logo, estar no centro da reflexão política, definindo-se com tempo uma lei clara e eficiente, organismos oleados e céleres para integrar bem a imigração, saber quem se poderia receber, que setores económicos iriam ser mais afetados e que tipo de mão de obra o país iria precisar mais, que número razoável de imigrantes o país tem capacidade de receber e acolher com dignidade.

Segundo se vê, nada disto se fez. Das portas abertas passámos agora para as portas fechadas, com uma lei feita à pressa, empurrando-se a imigração para a incerteza e a insegurança, e instalando-se a dúvida e apreensão na economia portuguesa.

Nas conversas que vamos tendo com empresários dos vários setores económicos, nomeadamente construção civil e restauração, muitos manifestam que há falta de mão de obra, estão a trabalhar nos mínimos, não conseguem respeitar os prazos que estipularam aos clientes, no caso dos restaurantes, poderão até fechar portas por algum tempo, por não terem funcionários para trabalhar com eficiência e decência. E os portugueses? Sempre houve preguiça oculta, é verdade, mas não digo que os portugueses não gostam de trabalhar ou que só querem viver à custa de apoios e subsídios, como abundantemente se ouve nas sedes do populismo, que são as tascas e os cafés, parece-me é que os portugueses já não querem fazer qualquer coisa e exigem melhores salários. E é um velho problema do nosso país: temos de melhorar os salários e pagar melhor aos trabalhadores.

Até agora falei da imigração numa perspetiva muito utilitária, mas não esquecer, sobretudo, que estamos a receber pessoas que devem ser recebidas com dignidade e humanidade. Dêmos-lhes as condições para construírem o seu futuro.

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