Sábado, 2 de Novembro de 2024
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Ricardo Almeida
Ricardo Almeida
Professor e Empreendedor Social

Professores a lutar, também estão a ensinar!

A última vez que recorri ao protesto, como forma de exteriorizar um acumulado sentimento de injustiça, foi há nove anos, em 2013, na contestação à aplicação e imposição da Prova de Aptidão de Competências e Conhecimentos (conhecida como PACC) a todos professores com menos de 5 anos de serviço.

O tema era controverso e não albergava um setor da classe que tinha assento na sala de professores dos Agrupamentos de Escolas, não fazia parte das reivindicações normais dos sindicatos e, por isso, era apenas a genuína elevação consciente da injustiça de milhares de jovens professores, que se recusaram a ver na humilhação e menorização profissional um critério de seleção para a carreira docente. A revolta foi espontânea e informal, o “grito” para a solidariedade entre pares foi dado e só mesmo a sua expressão no movimento de nível nacional revelou que o sentimento era comum e transversal a muitos jovens professores.

Lembro-me perfeitamente que a ausência dos principais sindicatos era notada e incompreendida por muitos que carregavam a ansiedade natural, e normal, quando se joga e arrisca o futuro. Nessa altura, estávamos sozinhos, contávamos apenas com o peso das nossas convicções, com a lealdade das nossas palavras e com os olhares comprometidos que nos uniu nas ações de protesto que fizemos, neste caso, por todo o distrito de Vila Real.

O passado dia 17 de dezembro demonstra, de uma forma clara, um primeiro momento de indignação e retrata uma aparente alteração na relação de forças entre sindicatos, transformando o Sindicato de Todos os Professores (STOP) no corpo político necessário para a mobilização de cerca de 20 mil professores, em frente ao Parlamento.

“O tempo é de luta, sim!”, mas Mário Nogueira e os restantes sindicalistas do “establishment”, não podem ignorar esta manifestação, correndo o risco de perderem espaço reivindicativo e a legitimidade representativa das preocupações dos professores. A capitalização do protesto não pode ser sempre oportunista, nem deve ter como estratégia o ataque e a guerrilha a outros sindicatos, desvalorizando as suas narrativas e monopolizando a discussão sobre a classe docente. Se existir a capacidade de colocar de lado as pequenas, e até as grandes diferenças, e lutarmos, genuinamente, pelos professores, a “municipalização da educação” pode tornar-se no catalisador perfeito para a união de todos os professores.

Nota: Um agradecimento especial a todos aqueles que se deslocaram a Lisboa, para que o dia 17/12 fizesse (e fosse) sentido!

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