“Descer para o Campeonato de Portugal (CP) foi muito duro, assumo as minhas responsabilidades. Mas, agora, temos como objetivo regressar à Liga 3. Sabemos que será difícil, mas acredito que é possível, uma vez que ainda há muitos pontos em disputa. Vamos fazer jogo a jogo e no fim fazemos as contas”.
O presidente sublinhou que o Montalegre deixou saudades nessa prova. “Tivemos durante duas épocas na Liga 3, uma passagem bonita de uma equipa que jogava bom futebol e que deixou saudades.”
Num território despovoado, o presidente admite que têm muitas dificuldades, desde o recrutamento de jogadores até à falta de espaços para treinar. “Na Liga 3 era muito mais fácil formar um plantel competitivo, porque os jogos são transmitidos e os jogadores que querem subir na carreira, veem a Liga 3 de outra forma. As equipas de Trás-os-Montes tiveram grandes dificuldades em construir os plantéis ao contrário de equipas da zona do Porto ou Aveiro. A nossa única solução é contratar estrangeiros, que tanto lhe faz estar no Algarve ou em Montalegre”.
Paulo Reis admite que existem críticas, mas o mercado de recrutamento é limitado, sobretudo para as equipas do interior.
Outra dificuldade é ter de “andar com a casa às costas”, uma vez que têm que treinar em Boticas, clube com o qual têm uma parceira para a certificação. “Desde já, agradeço ao Boticas a disponibilidade que sempre demonstrou”. A solução passaria por construir um campo de treinos ou um estádio municipal. Já ouço essa promessa há muito. E é uma necessidade para termos equipas de formação, que, neste momento, não temos, porque é impossível ter, já que só temos apenas um campo de relva natural.
Paulo Reis sustenta que o novo campo serviria não só para o Montalegre, mas também para outros clubes do concelho. “Já existe projeto, que poderá nascer ao lado do atual campo”.
ORÇAMENTO
Com um orçamento que baixou drasticamente da época passada para esta, Paulo Reis revela que tem cerca de 185 mil euros para esta temporada, em que o apoio do município “é fundamental”. “É o nosso maior financiador e sem o município era impensável até competir no CP. Na temporada anterior (Liga 3), o subsídio foi de 370 mil euros, este ano baixou para os 122 mil euros”, mas também o “nosso orçamento na Liga 3 era de 420 a 430 mil euros. E era um dos orçamentos mais baixos, a par do Fafe. É uma diferença muito grande entre as duas competições”.
O mesmo responsável falou ainda da importância que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) dá à Liga 3. “Enquanto na Liga 3 recebemos cerca de 120 mil euros por temporada, no CP recebemos zero, é só despesas. Por exemplo, para mantermos o campo em boas condições, a FPF deu-nos só no ano passado 12 mil euros, este ano nada”.
Paulo Reis gostaria de ver mais pessoas no estádio a apoiar o clube. “Temos vindo a ter mais gente no estádio, temos cerca de 350 sócios pagantes, apesar de o desporto preferido dos barrosões serem as chegas de bois”.
Relativamente ao futebol da região, disse que gostaria de ver o SC Vila Real noutros patamares. “Acho que somos muito melhores do que o Vila Real, mas sei que eles têm muita mais força para chegar à I ou à II Liga. Eu, claramente, gostaria de ver o clube da minha capital de distrito andar nos campeonatos profissionais”.
Sobre o futuro mais imediato, o presidente admitiu que tem de ir ao mercado para reforçar todos os setores, sobretudo a baliza, já que Ricardo Benjamim sofreu uma lesão grave e estará fora durante alguns meses.