A 9 de junho voltamos às urnas e os partidos encaram tal acontecimento como uma extensão das recentes eleições legislativas, atribuindo-lhe especial empenho e seriedade, tendo em perspetiva as contrapartidas que – no âmbito da política interna – podem ser retiradas de um bom resultado ao momento, trazendo assim para as Eleições Europeias uma atenção mediática que outrora nunca tiveram.
Para que melhor se entenda a insignificância até aqui atribuída a este contexto de eleições para a Europa, pode-se facilmente constatar que em 2019 a afluência dos portugueses às urnas estabeleceu-se na ordem de 30,73% dos inscritos.
Na hodierna ocasião prevê-se um cenário diferente, fomentado essencialmente no aumento de afluência às urnas nas pretéritas legislativas, contando também com o empenho dos partidos na escolha de candidatos com distinta preponderância no contexto político nacional.
Nesta última premissa verifica-se o enquadramento estratégico dos partidos na procura pela legitimidade que não se atingiu a 10 de março, o que é feito de diversas formas: O Partido Socialista, na tentativa de estancar a ferida que lhe vem retirando votos, apela à memória dos portugueses com a apresentação de um dos nomes de maior dimensão no combate à pandemia.
O Partido Social Democrata e o Chega apresentam-se em remendo aquilo que julgam ser as suas maiores lacunas. O primeiro, de forma ousada, promove Sebastião Bugalho na esperança que a mescla de juventude, credibilidade e presença mediática quotidiana sejam bastantes para atrair os votos dos mais jovens e manter nas remanescentes faixas etárias.
O segundo, por sua vez, no suprir das fragilidades que lhe são inerentes, traz à colação a figura de António Tânger na expectativa de, por intermédio do longo curriculum de embaixador do candidato, fazer esquecer a ausência de credibilidade que volta e meia é apontada ao partido.
João Oliveira, Catarina Martins e Cotrim Figueiredo, da CDU, Bloco de Esquerda e Cotrim Figueiredo, são nomes bem conhecidos da gíria política nacional, apostando os partidos na referida familiaridade junto do eleitorado.
Por sua vez, o Livre, apesar dos múrmuros em torno da eleição do seu representante, não integra idêntica estratégia de buscar no mediatismo a solução para o seu desenvolvimento, o muito se deve ao favorável momento que ultrapassa o partido após os recentes e bons resultados.
Por último, também por intermédio do mediatismo o ADN se aplica para comprovar que o bom resultado das legislativas não se mostrou fruto da confusão com a sigla da Aliança Democrática.
A final, importa suscitar que todos ficamos a ganhar se forem manifestamente reduzidos os percentuais de abstenção e que a política – de forma positiva e negativa – é muitas vezes sobre uma segunda intenção qualquer e, neste caso, as presentes eleições são quase sobre tudo, à exceção daquilo para o qual estão destinadas.