O cenário horrendo que recentemente nos assolou não é novidade para nenhum português. Aliás, parece já existir uma predefinição de época de incêndios que ocorre todos os anos entre junho e outubro, sujeitando vários portugueses ao desalojamento e, em casos mais extremos, à morte.
Creio que não nos encontramos em momento de apontar o dedo, nem tão pouco a culpa se cinge somente ao presente e antecedentes governos, contudo, mostra-se manifestamente clara a existência de necessidade de impreterível intervenção e revisão de todos os mecanismos e procedimentos inerentes à floresta.
Urge adotar um comportamento preventivo, contrastante com o de remedeio que atualmente vigora. Devendo, para o efeito, atribuir-se particular relevo à limpeza de terrenos e consequente fiscalização, tal como à gestão florestal com o incentivo à plantação de espécies menos inflamáveis e a manutenção de corta-fogos.
No mesmo sentido, também os senhores deputados – parte deles eleitos em territórios do interior, onde estas catástrofes predominam – possuem papel fulcral na exigência e imposição de comportamento ativo e diligente ao poder central.
Não bastante, tendo por consideração que parte significativa das ocorrências se despoleta com intervenção humana, independentemente da existência de intenção ou da mera negligência, também se demonstra pertinente existir investigação que se alie de célere e relevante intervenção dos mecanismos judiciais.
A ausência de foco e os jogos da lide política são também fatores que devem ser contornados para que se verifique possível lograr qualquer tipo de desenvolvimento.
Ora vejamos. Ainda há relativamente pouco tempo, na sequência de uma tragédia ocorrida no Rio Douro, parte dos comentadores de algibeira dedicaram bastante tempo ao facto de o Primeiro-Ministro participar nas buscas com o propósito de dali se extraírem dividendos políticos, esquecendo por completo o objeto do desastre e procurando apenas visar Montenegro.
A descrita tipologia comportamental impede-nos de empregar a devida seriedade na obtenção de uma solução eficaz. Perante circunstâncias atípicas e de aflição, importa priorizar a unificação das comunidades e dos governantes, para que conjuntamente se encontre um resultado favorável.
Livrados que estamos do constante cheiro a fumo e do zumbir dos meios de combate, é momento de começar a equacionar os desafios do próximo ano, não unicamente no que respeita aos incêndios, mas também naquilo que concerne com a educação e saúde, principalmente.
Não podemos simplesmente ficar à espera que chova.