O contexto sócio-político está marcado por temáticas que, até há pouco tempo, estavam subjugadas a uma narrativa simplista, perigosa e divisionista, o habitat ideológico da direita em toda a sua amplitude. O discurso que, apesar de manipulado e ampliado mediaticamente, abraça uma realidade cada vez mais presente, não pode nem deve ser ignorado pelo impacto multidimensional que tem na vida das pessoas. A sua complexidade assenta no dualismo entre a realidade pragmática e a perspetiva europeia de valores e princípios que tínhamos por adquiridos e cristalizados no significante vazio de Laclau e Mouffe.
O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos (PNS), demonstrou ter a coragem e o arrojo necessários para ensaiar um posicionamento, arriscado certamente e, por isso mesmo, discutível e até criticável, mas com o mérito de recolocar o PS no centro da discussão política que outrora fora capturada pelos partidos de direita em Portugal.
O PS estará à altura da sua história, e não deixará de aprofundar o seu papel na procura de um equilíbrio entre um universalismo sem fronteiras e a responsabilidade da abertura ao “Outro”, nunca se esconderá atrás da Humanidade, pelo contrário, enfrentará a apatia política, consequente de uma espécie cegueira, que desafia permanentemente um crescente cinismo moral europeu.
A configuração presente das coisas de Montesquieu acordou o PNS para um posicionamento político que, para além de romper com o seu antecessor, dar-lhe-á mais uma oportunidade para estreitar a sua ligação com os portugueses.
Coragem não lhe falta.