Segunda-feira, 10 de Novembro de 2025
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A Feira dos Santos

A Feira é dos Santos, mas não é para qualquer santo.

E eis que chega a Feira dos Santos e Chaves ganha outra vida. As ruas enchem-se de passos, vozes e cheiros, e o que era só passagem vira um lugar de encontro. É a grande festa do ano.

Por cá, ano após ano, várias associações do concelho pedem um canto para mostrar o que fazem e quem são. Querem estar, dar-se a conhecer, provar que o trabalho comunitário também merece palco.

Quem organiza o certame informa que primeiro se confirmam os pagantes e depois se vê o que sobra. Percebemos. É justo para quem faz da vida ambulante o seu pão de cada dia. Educados, pedimos e aguardámos pela nossa vez. O problema não foi a ordem, foi o relógio: a confirmação da participação surgiu na véspera do início da Feira. Com um projeto que vive do trabalho voluntário e exige uma logística responsável, um “sim” de última hora não caiu como um convite; foi um travão. Não se monta uma presença digna em cima do joelho.

Fica a ideia de que a organização valoriza sobretudo a inscrição paga ou a exposição mediática que alguns participantes trazem. O certame tornou-se um espelho da vida pública: há quem tenha camarote de primeira fila, sempre sob os holofotes, e há o resto, meros figurantes, para encher verbo e não parecer vazio. Uns querem apenas um canto de luz para dar a conhecer uma associação pequena, o esforço de poucos que fazem muito. Outros representam instituições há décadas e nunca saem do foco. A cidade é de todos, mas a plateia parece sempre reservada para os mesmos.

É triste, mas é a realidade que atinge associações mais pequenas. Se ser pequeno já é um desafio, sobreviver neste ambiente desigual é um milagre. Mas somos teimosos. Continuaremos a lutar e a sonhar: com um próximo ano em que o aviso seja atempado e os critérios, transparentes; com regras iguais para casos iguais e com decisões que se expliquem a si mesmas.

A Feira cresce quando dá lugar a todos os protagonistas, não quando trata metade como figurantes. A cidade merece uma festa grande e justa. O resto é vontade.
E vontade, por aqui, não falta.

Viva a Feira dos Santos!

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