Na sequência de protestos na região, alguns que encerraram mesmo estradas, a anterior ministra da Agricultura veio à região prometer que 25% dos pagamentos em atrasos seriam pagos no mês passado, tendo sido assegurados 60 milhões de euros com esse fim.
No entanto, o Governo saiu e os pagamentos ficaram por fazer e nem há perspetiva de quando serão realizados, até porque os agricultores têm de voltar a candidatar-se a apoios. “A ministra quando estava em funções decidiu alterar as regras do jogo e, segundo o IFAP, para ser concluído o pagamento que falta, que já estava em atraso, terá de fazer uma nova candidatura com o Pedido Único de 2024”, que se realiza até ao final de maio, explicou Ana Rita Bivar, do Movimento Cívico de Agricultores.
A agricultora de Freixo de Espada à Cinta acusa a anterior responsável da tutela de, “mais uma vez, faltar à palavra” e considera esta situação “completamente inadmissível”, por pedir para se fazer “uma segunda candidatura, quando já foi feita uma candidatura”. “O problema foi que não nos pagaram, quem está em falta é o ministério”. Segundo a integrante deste movimento espontâneo de agricultores, há mesmo produtores que “não receberam nada”.
Mesmo fazendo a candidatura, teme que não haja garantias de que todos os agricultores recebam pelas medidas de agricultura biológica. “Caso não sejam adicionados os 60 milhões extra para cobrir os cortes feitos, é muito pouco provável que todos venham a receber, vai ser uma roleta russa”, afirma. O pagamento pode assim passar para junho ou julho, mas com a mudança de Governo pode ser mais tarde.
NOVAS AÇÕES
Devido a este e outros problemas do setor, o movimento promete “voltar ao terreno” com ações de sensibilização à população, devido ao baixo preço dos produtos, “mas também com novas ações de protesto, se for necessário”. “Vamos continuar a dar provas de vida do movimento”. Antes de avançar com esse passo, vão marcar audiências com a tutela para discutir as dificuldades da agricultura e formular um caderno reivindicativo, com o contributo de agricultores de todo o país. “Estamos abertos a ouvir o novo ministro e perceber qual a ideia dele para a agricultura, se vai dar continuidade à política”. Sobre a escolha de José Manuel Fernandes para tutelar o setor, não tem uma posição definida.
“Resta saber se os contactos como eurodeputado vão ser a favor ou contra os agricultores”, identificando alguns “pontos preocupantes no currículo”, como ter feito parte da delegação do Mercosul, acordo contestado pelos agricultores europeus.[/block]