Sábado, 18 de Janeiro de 2025
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Ricardo Almeida
Ricardo Almeida
Professor e Empreendedor Social

Aos empresários desta região, o percurso não é fácil, falemos a uma só voz!

As primeiras manifestações de associativismo empresarial em Portugal surgem no século XIX, a par dos primeiros passos da reorganização industrial do país.

Neste período de grande instabilidade sociopolítica, a fundação da Sociedade Promotora da Indústria Nacional (SPIN), em 1822, (que ressurge em 1938) e da Associação Industrial Portuguesa (AIP), em 1837 (que reinicia a sua atividade sob o nome de Associação Promotora da Indústria Fabril, em 1860, e retoma a sua designação inicial, em 1886), representam a fragilidade e o relevo atribuído a este tipo de iniciativas. O surgimento do corporativismo com o Estado Novo, como forma de organização de interesses, segue uma linha económica clássico-liberal, que está estritamente ligada e dependente do regime. Todavia, são as transformações subsequentes ao 25 de Abril de 1974, e, principalmente, a adesão à CEE, em 1986, que facilitam a criação de ambientes industriais favoráveis ao desenvolvimento, assentes em setores de mão de obra intensiva ou de tecnologia intermédia. Este “boost” industrial acelerou a dinamização do movimento associativo, o exercício de influência (ou o designado “lobbying”) e a obrigatoriedade de uma concertação e representação ao nível local e regional.

O núcleo empresarial da nossa região – a NERVIR (Associação Empresarial, anteriormente designada de Núcleo Empresarial da Região de Vila Real), carrega consigo um simbolismo histórico inigualável, de desenvolvimento e valorização do nosso território, de defesa dos produtos endógenos e dos interesses dos nossos empresários, de intermediação com o Estado na operacionalização de políticas públicas e na formação profissional de técnicos, que olham para os nossos agentes empresariais como confiáveis no seu futuro. A NERVIR foi uma das grandes responsáveis pela organização institucional da economia regional e da sua regulação. Esta preponderância não lhe confere o estatuto de egrégio, pelo contrário, atribui-lhe uma responsabilidade acrescida, de reposicionar a sua influência e lógica coletivas, respeitando, assim, o seu legado histórico.

É fácil perceber que os desafios são muitos, pelo que destaco apenas alguns: a transição digital do tecido empresarial, onde os novos pólos tecnológicos parecem despertar mais a atenção dos jovens empresários; a relação com o poder local e central, que foi sendo substituída por outros interlocutores, padece de ser reabilitada; a inovação como desígnio empresarial e sua relação intrínseca com a Academia; a internacionalização pode e deve ser mais explorada, bem como a aproximação aos seus sócios merece ser mais direta e eficaz. Contudo, estou certo que o atual presidente, Eng. Emanuel Camilo, terá a visão e a audácia necessárias para colocar a NERVIR no lugar onde merece estar.

Aos empresários desta região, o percurso não é fácil, falemos a uma só voz!

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