Portanto, o problema é conhecer a história e saber interpretá-la. Vem isto a propósito da polémica que se gerou recentemente acerca do militar português Marcelino da Mata (MM), aquando da sua morte.
Não conheço o currículo de MM, só soube, pela comunicação social, que era o militar português mais condecorado, mas devo dizer que sempre tive muita admiração pelos militares “comandos” desde que na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, fiz o meu Curso de Cadetes, de janeiro a abril de 1974, chefiado por um Alferes “comando”.
Essa admiração reforçou-se quando o Regimento de Comandos, sob a chefia do Coronel Jaime Neves, repôs a democracia, em 25 de novembro de 1975. Este meu escrito tem a ver com o espanto e a indignação com que fiquei perante as imbecilidades que se vêm dizendo e escrevendo sobre a nossa história.
Com certeza que quem defende tais barbaridades não conhece o povo português, Portugal e a sua história, por isso sugiro-lhes que leiam Miguel Torga, pois como disse Manuel Alegre: “É preciso ler Torga para entender Portugal”. Querer destruir monumentos e documentos que contam a nossa história é como eliminar a nossa memória.
A luminária que propõe o derrube do Padrão dos Descobrimentos não quererá também esconder os Jerónimos e censurar Os Lusíadas? A saga dos descobrimentos, comparável hoje em dia à conquista do espaço, foi a herança que deixámos ao mundo e de que muito nos devemos orgulhar. Graças ao arrojo e à heroicidade dos nossos antepassados, hoje temos mais de trezentas mil almas por esse mundo fora a falar português o que, só por si, é motivo de orgulho para a expansão e a colonização portuguesa.
Para percebermos a importância deste facto para nós e para os povos dos países onde estivemos, recorramos a George Steiner: “A língua que nos define tem por origem a nossa cultura, a nossa educação, a nossa história”.
Foram cometidos erros e até crimes na colonização portuguesa como na de outros países, com certeza que sim. Mas esses erros não anulam o que de bom fizemos e o extraordinário contributo que demos ao mundo e ao progresso da nossa civilização, por isso, parafraseando Martin Luther King “Não me preocupo com o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos sem-carácter, nem dos sem-moral. Preocupa-me o silêncio dos bons”.
É isto, não nos devemos calar perante os demagogos e os ignorantes que, do alto da sua vaidade, vêm a público, sem qualquer ponta de vergonha, insultar os portugueses que são um povo orgulhoso da sua história e amante da sua pátria. Será bom que, no futuro, o povo português não esqueça quem o ofende e trata mal. Para terminar deixo à vossa reflexão este pensamento: “Um burro ligado à internet não deixa de ser um burro”.