A tarde iniciou-se com pequenas tarefas domésticas e terminou com a leitura de alguns jornais, preparando a família para um dia especial. A seleção nacional de rugby iria jogar dentro de minutos. Estávamos os quatro preparadíssimos, na primeira fila do nosso sofá, para cantar o hino nacional com a mesma vontade dos “nossos” atletas que víamos no ecrã. A emoção foi tremenda, volátil, por vezes até um pouco disparatada, contudo sempre suportada por uma enorme esperança na vitória. O primeiro ensaio deu a confiança para acreditar que é possível competir “olhos nos olhos” com as melhores seleções, sem receios, sem complexos de inferioridade, mas sim com competência, paixão e ambição. E foi esta forma de respeitar e olhar o Desporto que conquistou e abraçou uma nação, pelo exemplo, pela dedicação, pelo profissionalismo, pela coragem.
A seleção nacional de Rugby é o retrato do Desporto em Portugal, onde o profissionalismo é interiorizado e praticado diariamente nos clubes e seleções, onde a ciência desenvolve um trabalho fundamental, e faz toda a diferença, no desporto de elite. Todavia, é curioso que o reconhecimento desse estatuto de profissional, pelas instituições desportivas, nunca é proporcional ao trabalho dos seus atletas e dos seus treinadores, que na maioria das modalidades são apenas atletas federados ou semiprofissionais, que têm um trabalho noutro setor e que conciliam uma vida, essa sim profissional, com o Desporto e que mesmo assim atingem os mais altos níveis do desempenho desportivo.
Fazer história, como os “lobos” foram capazes de fazer, não é apenas vitória do Rugby, mas sim a representação dos valores mais genuínos que aprendemos no Desporto, onde o compromisso leal e incondicional com a modalidade que praticamos é a nossa forma de vida e que levamos sempre connosco, até ao fim.
Apesar de não ser a “minha” modalidade, o orgulho foi enorme! Os “lobos” não tiveram medo de serem felizes…Fazer história não é para todos!