As consequências desta situação, se não for desbloqueada a curto prazo, irá colocar em crise alimentar milhares de milhões de pessoas, designadamente em Africa: República Democrática do Congo (25,9 milhões), Nigéria (19 milhões), Iêmen (19 milhões), Etiopia (14,5 milhões), Sudão do Sul (7,7 milhões), Afeganistão (19,5 milhões), Paquistão (4,7 milhões) e Haiti (4,6 milhões) este no continente asiático.
Parece que a comida fazia parte do “arsenal” de Putin e será esta a razão para o objetivo de bloquear o acesso aos portos do leste da Ucrânia e até, da sua obsessão, (senão loucura) em bombardear indiscriminadamente as populações que viviam e trabalhavam pacatamente em campos e aldeias, conforme as imagens dos primeiros dias da invasão à Ucrânia.
O IPES – Food, Painel Internacional de Especialistas em Sistemas Alimentares Sustentáveis, divulgou em maio, um relatório especial, no qual procuram explicar como é que o falhanço na reforma dos sistemas alimentares, fez com que a guerra na Ucrânia provocasse a terceira crise global, no custo dos alimentos, dos últimos 15 anos, preconizando, naturalmente, propostas para evitar falhanços futuros.
No documento afirma-se que assistimos a um círculo vicioso de mudanças climáticas, conflitos, pobreza e insegurança alimentar, e que este, está a deixar milhões de pessoas altamente vulneráveis, se não se agir agora, estaremos a avançar cegamente para sistemáticas e catastróficas crises alimentares.
Estas não são boas notícias para um país como Portugal em que praticamente não há cultivo intensivo de cereais ou outros semelhantes.
Na nossa região de Trás-os-Montes e Alto Douro, para além do cultivo da vinha, que tem de facto uma certa expressão, e é um sector organizado, a agricultura em geral é apenas de subsistência, o que significa que a população, em geral, está dependente do mercado internacional. Com estes constrangimentos, outra coisa não será de esperar que não seja o agravamento dos seus custos.
Será este um preço que o Sr. Putin nos irá fazer pagar, também a nós que vivíamos cá longe do conflito que continua a ceifar vidas na Ucrânia. Os problemas alimentares agravar-se-ão com o prolongar indefinidamente do conflito, como parece estar a acontecer. Ajudar a Ucrânia a acabar com esta guerra, parece ser a atitude prudente, que toda a comunidade internacional deveria ter. Incluindo cada um de nós.