Uma conquista civilizacional para o País e os seus cidadãos que, a par da educação, transformou Portugal para muito melhor. E, ainda assim, o SNS tem falta de Médicos em muitas especialidades.
Para simplificar, vamos falar apenas dos médicos de família. No presente ano foi aberto concurso para 900 vagas em Portugal, que correspondem ao número de médicos que estão em falta. Concorreram 395, ficando cerca de 60% das vagas por preencher. Pergunta o leitor se o resto dos médicos não concorreu porque preferiu o privado. A resposta é não. Formam-se apenas cerca de 350 novos médicos de família por ano. Acresce que, como reconheceu o Ministro da Saúde, aproximadamente 400 médicos de família estão na iminência da aposentação, porque se vão reformar “…os grandes cursos médicos da segunda metade da década de 70.” As estimativas apontam para o perigo de 700 mil utentes do SNS ficarem sem médico de família.
Existem muitos problemas no SNS. Com certeza que a melhoria das condições de trabalho, valorização de carreiras e aumentos salarias de enfermeiros, médicos e restante staff será essencial. Mas não se preenchem vagas em falta no SNS a formar o mesmo número de clínicos, ano após ano. Para isso, é preciso acreditar mais cursos de Medicina e criar mais idoneidades formativas para formar mais médicos.
A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) chumbou recentemente a acreditação do curso de Medicina pela UTAD (e já agora o da Universidade de Aveiro também). O porquê ainda não é público, mas a A3ES referiu que a decisão ainda não é definitiva. A UTAD já disse que vai apresentar contraditório. Espero que as exigências das A3ES possam ser alcançadas. E que se não o forem, a decisão seja pública para se perceber a razão.
A situação é grave. O próprio ministro Manuel Pizarro admitiu que na formação de médicos “começamos tarde demais a fazê-lo e não conseguimos a compensação” que seria necessária. Vamos perder mais tempo?