Não possuo memória de prospeção que ditasse uma tendência contrária, o que também se explica pela curta vida do partido. No entanto, não deixa de se tratar de um fenómeno político.
Se, por um lado, existe quem creia que o motivo pelo qual André galopa percentualmente, de forma consecutiva, se prende na velha ladainha de dizer o que os portugueses pretendem ouvir, eu cá penso que se traduz em algo mais.
Para tal entendimento devemos estar cientes da existência de dois conceitos: politicamente correto e anti-herói.
No que tange com o primeiro, vivemos tempos em que o politicamente correto configura a nova forma de censura, atuando nos mais diversos ramos da sociedade e tendendo não só a fiscalizar o comportamento alheio, como também, de forma radical, a discriminá-lo quando não se enquadra naqueles padrões.
Motivada ou não, existe uma polícia do politicamente correto que tende a visar e marginalizar Ventura, o seu partido e quem em si vota.
No que respeita ao segundo, o Anti-Herói é retratado por quem, contra todas as expectativas e de forma pouco convencional, se insurge contra o poder instituído. Resultou com Trump quando Hillary, embora fosse bem mais que isso, tentava perpetuar o legado Clinton, com Bolsonaro e, mais recentemente, com Lula, que personifica tão bem o conceito de quem, apesar de ter anteriormente prevaricado, emerge para salvar o seu povo.
Será uma questão de tempo até resultar com Ventura. Sendo que tal se acelera com a propagação do politicamente correto, resultando assim num crescimento de uma enorme fação contrária em torno do seu anti-herói.
Um dos grandes responsáveis por tal popularização em Portugal é o político Marcelo Rebelo de Sousa – aquele que nada sabe, nada fala e em tudo se contradiz, desde Tancos, passando pelo Mundial do Qatar e acabando na Igreja. A figura presidencial tem, nos últimos anos, sido reduzida a um conceito de selfies e mergulhos no primeiro dia do ano.
Não sendo a praia de Ventura, não o vejo capacitado para lidar com a carga de trabalho constante da vida de Primeiro-Ministro, tão pouco com as formalidades inerentes ao cargo de Presidente da República, porém, considero que este, num futuro próximo, será um forte e real candidato a Belém, o que em muito difere de se ser candidato a Marcelo.
Não sou de direita, tendencialmente não voto daquele lado do espectro político. Contudo, se algum dia for confrontado com uma tomada de decisão entre Ventura e outro qualquer na senda do politicamente correto, restam-me duas hipóteses – ou voto em Ventura ou em branco, estou cansado de Marcelos.