Este projeto nasceu no seio da então associação dos Ex-Combatentes do Ultramar, fundada em Guimarães, em 1982. A escritura notarial foi celebrada em 1 de novembro de 1983 e o extrato desse estatuto foi publicado no n º 78 da 3ª série do Diário da República, em 2/4/1984. No plano de atividades para 1984 foi proposta, como terceira prioridade, a constituição de um grupo de associados que tivesse como tarefa essencial a angariação de meios e de estudos tendentes à construção de um monumento nacional, em homenagem aos Combatentes. No primeiro grande encontro nacional, que decorreu em Guimarães, em 22 de junho, já o mensário Sentinela, órgão oficioso da Associação que sempre funcionou como «Ordem de Serviço» deu notícia do «Monumento aos Mortos do Ultramar», designando-se o associado Duval de Oliveira Bettencourt Gomes para constituir uma «Comissão Nacional Pró Monumento em Memória dos Mortos no Esforço da Guerra Ultramarina».
Em 6 de julho desse mesmo ano, o General Altino de Magalhães visitou a sede dessa Associação e aceitou o convite para sócio efetivo, preenchendo a proposta e pagando as quotas e a joia além de deixar um donativo. Mais tarde foi convidado para fazer parte do Conselho Nacional, cargo que aceitou e que muito nos honrou. Desse facto e de todos quantos se seguiram, até à inauguração do Monumento que ali fecundou e ainda perdura. No Jornal da Coletividade que mais tarde mudou o título para Voz do Combatente, tal como a Associação que substituiu o nome de «Ex-Combatentes» para «Associação Nacional dos Combatentes» (ANCU). Tudo o que até 1987, se fez, por iniciativa da ANCU e do General Altino de Magalhães, entretanto eleito Presidente da Comissão Executiva. Foi eleito pelas oito associações às quais se ficou a dever todo o trabalho, gestão e organização. De todos resultou um processo que só agora pude rever num filme realizado (e bem) pela Liga dos Combatentes, e em online, desde 3 de maio de 2017, que já teve, até 12 do corrente, 162 visualizações.
A visualização desse filme que tem a assinatura da Liga dos Combatentes (e que louvo), vem clarificar algumas teses de Mestrado e de Doutoramento que descobri no dia em que escrevo esta nota histórica, na véspera do 26º ano da inauguração do tão polémico Monumento. Não dá para muito mais o espaço limitado deste órgão. Por agora vou apenas dizer a quem não soube ou, (ainda) não sabe que, o autor desta crónica, é o sócio fundador nº 1 da ANCU que foi pensada após uma entrevista de Vasco Lourenço, numa rádio nacional. Este capitão de Abril, fundador e ainda hoje presidente da
Associação 25 de Abril referia-se à reação negativa de alguns oficiais milicianos, ao golpe de Estado que os capitães do quadro fizeram, tendo como causa primeira um decreto do Ministro da Defesa que abria as portas àqueles, lesando estes. Nunca mencionei este segredo. Mas confesso-o hoje aqui, porque a inauguração do referido Monumento aconteceu em 15 de janeiro de 1994, num ambiente que o referido filme mostra com muita elevação e dignidade. Foi gratificante para o autor da ideia, rever, 26 anos depois, um projeto que sonhei, passei a terceiros e fez justiça à sociedade portuguesa dos anos sessenta/setenta.