A liberdade interior como uma superação pessoal, a liberdade social que respeita o homem enquanto indivíduo ou o respeito pela liberdade do outro que pressupõe negar a libertinagem.
Muito se apregoa usando em riste a bandeira da liberdade. Algo que pode parecer numa análise superficial como um princípio elementar, aceite e enraizado, acaba por vezes por condicionar embaraços.
Contudo e abandonando as correntes filosóficas, algo que é factual e que data de 1948 é a declaração da liberdade de expressão como um direito humano de acordo com a declaração Universal dos direitos humanos.
Também a democracia portuguesa e a liberdade conquistada completam quase meio século, pressupondo uma implantação madura e generalizada.
Contudo se ousarmos olhar à nossa volta tendemos a encarar com normalidade alguns atropelos à tão proclamada liberdade.
Histórias corriqueiras que se multiplicam e que merecem o banal comentário provinciano: “Ah! Pois, também conheço um caso assim, isso é normal!”
Quem não conhece perto de si o jovem que no auge do seu pensamento crítico-construtivo se abstém de falar pois procura um emprego pela terra e nunca se sabe…?
Quem não ouviu já os desabafos do freguês descontente com os rumos, mas que teme aparecer pois tem documentos a licenciar e não vale a pena arriscar?
Quem nunca se deparou com o amigo do vizinho que abdicou dos seus direitos na justiça pois ir contra o “patrão”, mesmo que com razão, não dá direito a promoção?
Histórias há muitas, de silêncios amedrontados e de uns quantos livres marginalizados pois a opressão também se esconde nos sistemas de avaliação.
A liberdade é fonte de progresso, a crítica motor de transformação e a democracia, aquela verdadeira, não teme o contraditório pois dele gera crescimento.
Mas todos já ouvimos por perto muitas histórias e até já experimentamos alguns avisos… mas parece que é normal, é assim que funciona. Os poderes instalados a sobranceria, a arrogância no exercício do poder não podem ser normalizadas.
Lembremos Sá Carneiro: “O que não posso porque não tenho esse direito é calar-me, seja sob que pretexto for.” E desta liberdade não se fomentará de certo o inconformismo ou o frustrado insatisfeito, mas sim aquele que impele ao debate sério, à inclusão da diferença mesmo que ideológica, ao constante processo de melhoria de processos e condutas em que a transparência permite a crítica e em que a crítica nada incomoda pois promove a mudança. Eis o princípio da democracia que a todos agrada, mas que nem a todos comanda… normalizemos a liberdade.