Simultaneamente, o aclamado mês brinda-nos com as diversas romarias por intermédio das quais se manifestam as tradições e valores das nossas aldeias, vilas e cidades, que se vão alegrando e abarrotando, fomentando, deste modo, a convivência entre as pessoas e fortalecendo os laços comunitários no despoletar da miragem do quão bom seria para o comércio, serviços e comunidade se assim se passasse todo o ano.
A nossa região Transmontana é detentora de uma ligação histórica com a emigração, que se motiva na grande quantidade de emigrantes que, outrora e pelo mundo fora, embarcaram numa jornada desafiadora, na qual enfrentaram a adaptação a uma nova língua, costumes e tradições.
É notoriamente sabido que na hora do regresso – ainda que este seja só por breves períodos – existe um certo desdém e ausência de empatia quanto a quem é emigrante, certas vezes gerados por sentimentos de mesquinhez e inveja, mas na sua amplitude justificados pela incapacidade de se entender o sacrifício constante e praticamente perpétuo que se atravessa.
Vulgarmente e injustamente, o emigrante é no estrangeiro tratado como se fosse de Portugal, e cá tratado como se fosse do estrangeiro, comportamento que é contrário aos princípios da nossa região que se mune de espírito unido e acolhedor, ademais de necessitar do regresso da sua comunidade emigrante, acompanhada dos conhecimentos, perspetivas e alicerces de desenvolvimento que, certamente com muito esforço, por lá apreenderam.
No combate a estas fugazes ondas de desconsideração, torna-se necessário que a sociedade se mostre solidária e sensibilizada, de modo a que se enalteça e reconheça o trabalho dos nossos transmontanos no estrangeiro, bem como as respetivas contribuições para o propagar da economia e cultura, sem nunca esquecer os desafios ultrapassados e os que ainda se afrontam.
Neste prisma, as autarquias locais desempenham crucial e imprescindível papel para que – já na idade de reforma ou, idealmente, antes de tal suceder – se efetive a integral fixação dos nossos emigrados, o que deve ser mecanizado através da implementação de políticas que incentivem o retorno e a criação de emprego, bem como por intermédio da cooperação e apoio em questões de reintegração social, nomeadamente no acesso à habitação – nas suas mais amplas vertentes, desde a compra à construção – na educação, assistência médica e no dirimir do amontoado burocrático.
A todos os que neste verão regalam a nossa região com a sua presença – principalmente aos do concelho de Murça, por quem, naturalmente, nutro maior estima – aproveitem, explorem, divirtam-se e, se possível, fiquem por cá.