Domingo, 26 de Janeiro de 2025
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

O fogo

Ainda que a época do ano não esteja muito avançada, já se vão anunciando, um pouco por todo o país, em particular no território a sul do rio Tejo, alguns episódios provocados por incêndios.

Se nos lembramos do que se passou o ano passado na Serra da Estrela, é de antever que em ano particularmente tão seco, como aquele que estamos a atravessar, nos aconselhe a refletir sobre o tema do fogo, sobretudo nos seus efeitos negativos nas florestas.

Recentemente, chegou-nos às mãos uma entrevista de Stephen J. Pyne, um historiador americano especialista em fogo, com várias dezenas de livros publicados, sobre esta temática, de onde respigamos algumas ideias. A primeira, que muito nos impressionou, é esta: “o fogo era um amigo, agora é o pior inimigo. Se não o levarmos a sério, vai destruir-nos”. É uma evidencia, que comprovamos até na nossa região, como por diversas vezes já afirmamos nesta nossa coluna de opinião. Setenta e cinco por cento do território não tem outra apetência que não seja a floresta e pior do que isso são os matos rasteiros nos terrenos não cultivados.

Este autor, refere que usamos o fogo há 200 ou 300 mil anos que somos a única espécie que o usa atualmente. É a maior fonte de poder no ambiente. Porém, há quem afirme que o planeta está a arder, dia e noite, porque “o homem usa a combustão/fogo de muitas maneiras, sem controlo. Os mega incêndios, que afetam comunidades e pessoas, são exemplo disso. As alterações climáticas também estão a potenciar e a ampliar este problema, e os períodos de seca são ainda mais extremos. Há quem afirme que é a economia global que alimenta a maior parte dos incêndios. Este autor não é tão assertivo, afirmando que, agora vivemos de uma forma diferente de antigamente e relacionamo-nos com a natureza de modo muito diferente.

Há muitos incêndios maus, mas, em muitas áreas, o fogo serve propósitos muito úteis, e o tentar eliminá-los tem sido um desastre, refere. “Passamos a ter medo e ódio do fogo. Transformamos o nosso melhor amigo, no nosso pior inimigo”.

Como alterar esta situação? Sabemos como o fogo se propaga e como podemos proteger as pessoas, as aldeias e as cidades. Precisamos de voltar a ter controlo sobre a paisagem, de a gerir, cultivar ou pastorear, se a deixarmos sozinha, em muitos casos ela explodirá. “Temos de olhar para o fogo como um aliado”.

Concluímos, reforçando com as palavras do Autor: “o fogo pode ser o nosso melhor amigo ou o nosso pior inimigo. Se não o levarmos a sério e não compreendermos a relação que temos com ele, ele irá destruir-nos.”

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