Confesso que tenho tido as minhas desilusões e que estou algo cansado da demagogia, das promessas não cumpridas, das mentiras, das prepotências, dos escândalos de corrupção, das clientelas partidárias, dos favores autárquicos, dos “jotas” sem currículo e preparação que vão diretamente para ministros (seja qual for o partido do governo), etc., enfim, da pouca seriedade e da incompetência de muitos dos nossos políticos ou candidatos a tal. Claro que todos estes inconvenientes e defeitos aplicam-se de igual modo aos partidos que têm governado o país.
Ainda nas recentes eleições autárquicas se passou um triste episódio que é revelador de quanto mal anda a política entre nós e da ligeireza de algumas decisões dos organismos que a tutelam. Para que todos se possam inteirar da causa deste meu lamento, aqui ficam os factos.
Em setembro de 2020 fui procurado na minha casa de Vilar de Maçada (VM) pelo Presidente da Câmara de Alijó, Eng.º. José Paredes, que me manifestou a vontade da Câmara adquirir um terreno meu na vila para aí edificar o Centro de Saúde (CS). Trata-se de um terreno muito bem situado, em local central da vila, mesmo ao lado da escola, com frente para a estrada que atravessa Vilar de Maçada. É um terreno completamente plano com um muro de suporte de alguma dimensão que lá construí e que, portanto, está preparadíssimo para a edificação de qualquer construção, não necessitando nem de terraplanagem, nem de qualquer outra infraestrutura. Depois de consultar a minha família, resolvemos doar o terreno à Câmara Municipal de Alijó (CMA) com a condição de o CS vir a ser designado Centro de Saúde Dr. Ângelo Mota, em homenagem ao meu falecido pai, que era médico e que tanto amou esta terra. Depois desta doação, a CMA colocou no terreno, em maio de 2021, portanto muito antes da campanha eleitoral, um cartaz com imagens do que irá ser o futuro CS e com a respetiva denominação no canto inferior esquerdo – “Centro de Saúde Dr. Ângelo Mota”.
Durante a campanha eleitoral, fui desagradavelmente surpreendido pela retirada do referido cartaz, e tendo perguntado a quem de direito, foi-me referido que a ordem de retirada tinha sido da Comissão Nacional de Eleições (CNE) após queixa (?) do Partido Socialista (PS). Estranhei, porque, embora a CMA seja PSD, a Junta de Freguesia de VM era, desde há 16 anos, PS e concerteza que os socialistas de VM, como todo o povo da freguesia, apoiam a edificação do seu novo CS.
Custou-nos muito ver que um benefício inestimável para toda a freguesia tenha sido arma de arremesso político. A família Mota não doou o terreno ao PSD, nem ao PS, nem a nenhum outro partido político. Doou-o sim ao povo da freguesia de Vilar de Maçada para que possa usufruir de um bem que é imprescindível para a sua saúde e para o seu bem-estar.
Na política como na vida não deve valer tudo! Como nos ensinou Albert Schweitzer, médico e Prémio Nobel da Paz em 1951: “Trabalhar para o bem comum é o maior credo”. Que todos assim façam.