A celebração, que reúne milhares de pessoas na Praça de São Pedro, começou com a bênção dos ramos, sendo que, devido aos problemas que o afetam no joelho, há vários meses, o Papa não acompanhou a procissão, com 400 participantes.
Francisco chegou em papamóvel, sentando-se juto ao obelisco, nos ritos iniciais da celebração, antes de se deslocar para a cadeira da presidência, junto ao altar, diante da Basílica do Vaticano.
Durante a cerimónia, o Papa alertou para a “indiferença” da humanidade perante milhões de “abandonados” em todo o mundo, afirmando que, para os católicos, as pessoas “rejeitadas e excluídas” são “ícones vivos de Cristo”.
Na homilia, alertou para os “muitos ‘cristos abandonados’” do mundo contemporâneo, recordando, como exemplo, um sem-abrigo alemão que, há algumas semanas, morreu “sozinho”, na colunata da Praça de São Pedro.
“Peçamos hoje esta graça: saber amar Jesus abandonado e saber amar Jesus em cada abandonado, em cada abandonada. Peçamos a graça de saber ver e reconhecer o Senhor que continua a clamar, neles. Não permitamos que a sua voz se perca no silêncio ensurdecedor da indiferença”, disse.
“Há povos inteiros explorados e deixados à própria sorte; há pobres que vivem nas encruzilhadas das nossas estradas e cujo olhar não temos a coragem de fixar; migrantes, que já não são rostos, mas números; reclusos rejeitados, pessoas catalogadas como problemas”, elencou.
Francisco deixou ainda um alerta para os “abandonados invisíveis, escondidos”, como as “crianças por nascer, idosos deixados sozinhos – pode ser o teu pai, o teu mãe, os avós abandonados nos lares – doentes não visitados, pessoas com deficiência que são ignoradas, jovens que sentem um grande vazio, dentro de si, sem que ninguém escute verdadeiramente o seu grito de dor e não encontram outra estrada senão a do suicídio”.
O Papa deixou uma palavra de esperança a todos os que vivem o “abismo do abandono, afirmando que Jesus salva a partir dos “porquês” de cada existência e transformando “corações de pedra em corações de carne, capazes de piedade, ternura e compaixão”.
“Cristo, abandonado, impele-nos a procurá-lo e a amá-lo nos abandonados. Porque neles, não temos apenas necessitados, mas temo-lo a Ele, Jesus Abandonado, aquele que nos salvou descendo até ao fundo da nossa condição humana”, indicou.
Numa longa celebração, marcada por momentos simbólicos, Francisco rejeitou a ideia de “espetáculo” e desafiou cada participante a dizer: “Este abandono é o preço Ele que pagou por mim”.