Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024
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Adérito Silveira
Adérito Silveira
Maestro do Coral da Cidade de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Portugal esteve a arder

Portugal esteve a arder… Portugal ia arder um bom pedaço se os céus não ajudassem… Que S. Pedro nos mande muita chuva.

Que os Santos e Anjos nos acudam e olhem por aqueles que de forma impotente e vulnerável não conseguiram salvar os seus haveres pela fúria demoníaca das chamas.
Incêndios! Quem os trava? Onde estão os guardas florestais? Onde param os criminosos que impunemente continuam a devastar casas e bens e as florestas? E as televisões triunfantes continuavam a mostrar o poder avassalador das chamas, não se cansando de mostrar, não se cansando de procurar pessoas que, despojadas dos seus bens, gritavam dolorosamente com os filhos agarrados à mãe ou ao pai, que com o sacho às costas chegava mergulhado em lágrimas porque nada conseguiu salvar.

Prevenção aos incêndios durante o ano? Ai, ai… fala-se muito em cima das tragédias mas… vem o inverno e pouco ou nada se faz. Ai, quanto se gasta no combate aos incêndios quando por muito menos se gastaria com a prevenção e com a vantagem de termos floresta, país verde e um promissor clima com qualidade de vida… temos de apostar na prevenção, pois continuamos a ver povoações sem área de proteção envolvente. Esta incúria da população leva os bombeiros a abandonarem as frentes dos incêndios para acorrerem a proteger casas que deviam há muito acautelar a sua própria segurança.

Quem vê os incendiários? Quem sabe quem são? Porque não mostram as suas máscaras cruéis de malvadez e destruição? Mão pesada para eles.

A quem interessam os incêndios? Se o sabemos, porque não combater a escória de gente sem escrúpulos e sem amor à vida do seu semelhante? Há muito dinheiro em jogo no combate aos fogos florestais, muitos interesses. É este o nosso país, um país vulnerável em momentos trágicos como os que agora aconteceram.

Estou farto, farto de ver incêndios nas televisões. Cansado de saber que o nosso país rural já foi belo, já foi país com campos verdejantes e com muita água a correr fresca e cristalina.

Quem avalia a dor daqueles que sabem que vão morrer na teia das chamas, ou daqueles que de um momento para outro perderam tudo aquilo que construíram com denodado sacrifício visando proporcionar à família uma vida de reconfortante e justa felicidade?
Lamentavelmente quase se institucionalizou a época dos incêndios, como a época da caça e outras…

E a comunidade nacional chora lágrimas depois de mortes e destruição, a começar pela imprensa, que chora lágrimas com os fogos, mas tem mais com que se preocupar quando tudo arrefece, e o país arde, gente morre e tudo volta ao reino maravilhoso da felicidade. A culpa também é da nossa mentalidade míope, da organização medieval dos vários governos e também é nossa porque fazemos parte integrante da sociedade.

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