Sábado, 7 de Dezembro de 2024
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Eduardo Varandas
Eduardo Varandas
Arquiteto. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Putin e a invasão da Ucrânia

Não há nenhum ser humano amante da paz que possa ficar indiferente à barbárie que grassa atualmente na Ucrânia.

Na realidade, depois de mais de 70 anos de paz na Europa, nada fazia prever que ela fosse posta em causa pelo livre arbítrio de um regime retrógrado, liderado por um autocrata fanático com tiques de psicopata.

É justo fazer uma distinção entre o povo russo e a camarilha corrupta que o governa, liderada por um antigo agente do KGB que dá pelo nome de Vladimir Putin (VP). Ao serviço da famigerada polícia política do regime soviético, encontrava-se destacado na STASI, na antiga RDA, aquando da queda do Muro de Berlim. Nessa altura, na cidade de Dresden, na antiga Alemanha Oriental, ao ser invadido o edifício, onde funcionava uma delegação da STASI, por vários populares, resolveu pedir instruções aos seus superiores hierárquicos em Moscovo, tendo recebido como resposta para não fazer nada, segundo o próprio refere na sua biografia. Há quem considere que esses acontecimentos, bem como a implosão da URSS, por si considerada como a maior tragédia do século XX, o traumatizaram de tal forma que nunca os esqueceu, trabalhando durante a sua vida pública para um dia se vingar dessas malfeitorias, assim consideradas por ele e pelos seus apaniguados. Alguém disse que este conflito inútil é obra da sua exclusiva responsabilidade, alimentada por uma visão nostálgica do passado.

No meio desta catástrofe humanitária e destruidora de um país soberano e independente é espantoso verificar, neste nosso burgo peninsular, a hipocrisia e cinismo de algumas figuras públicas, que tentam justificar a atitude de VP, atribuindo culpas à NATO, UE e aos EUA. Posições demagógicas e corriqueiras, que mais não são do que um insulto à inteligência dos cidadãos e a uma grande parte da população russa que não se revê neste ato bárbaro e desumano desencadeado por um narcisista perigoso e mentiroso compulsivo. Se até proeminentes personalidades da sociedade russa estão contra a guerra como, por exemplo, o antigo campeão mundial de xadrez Garry Kasparov; o Prémio Nobel da Paz de 2021, o jornalista Dmitry Muratov; o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Boris Yeltsin, Andrei Kozyrev, que classificou a invasão como um ato bárbaro; e mais recentemente a jornalista Marina Ovsyannikova, que declarou, corajosamente, num canal de televisão russo, a sua oposição à guerra, referindo, posteriormente, que metade da sociedade russa comunga da mesma opinião, como é possível que, entre nós, haja quem invente teorias mirabolantes para respaldar as manobras do senhor Putin? É preciso ter descaramento para semelhantes atoardas.

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