Terça-feira, 5 de Dezembro de 2023
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Ricardo Almeida
Ricardo Almeida
Professor e Empreendedor Social

Quando Camões matou a luta pela educação

As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas ocorreram, este ano, na cidade do Peso da Régua, no contexto da designação do Douro, Património da Humanidade, como Capital Europeia do Vinho em 2023.

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O evento decorreu com a normalidade possível, abraçado pelo habitual contexto militar, pela minúcia protocolar, pelos discursos das personagens principais, pelas mensagens sob a forma de avisos e desafios, e por muitos outros momentos que foram desde as condecorações a provas de vinhos.

O dia que tem na sua génese a exortação de um sentimento nacionalista e patriótico, que faz valer uma história com mais de nove séculos, foi também o palco dos protestos de um grupo de professores que, legitimamente, fazia eco das suas reivindicações e assim representava a sua classe. O que torna o momento perigoso e possivelmente num ponto sem retorno, foi o incómodo audível do Primeiro Ministro, António Costa, sobre o cartaz que o caricaturava de forma insultuosa e, segundo ele, racista. Se o mesmo não se tivesse apercebido, o país estaria ainda adormecido e os responsáveis pelo desenho ridículo e grotesco continuariam a considerar natural suster tal imagem como forma de indignação. O problema é que o alerta do Primeiro Ministro acordou o país e, infelizmente, não foi para as justas lutas dos professores, mas sim para uma vitimização, também ela justa, de uma ofensiva que nunca deveria ter sido produzida por um professor. A radicalização de uma luta meritória, não pode nem deve ser pautada pelo insulto e pela agressão, sejam eles físicos ou morais. Nunca deve ser a voz de quem não tem a audácia de a traduzir politicamente, não deve ser orientada sem a ponderação das suas externalidades, deve ser cuidada na devida comunicação e a sua preparação não deve dar lugar ao desespero.

A perceção correta da opinião pública sobre a luta dos professores foi gravemente abalada. As próximas ações de protesto deverão ter objetivos bem definidos, com os protagonistas certos para iniciar uma desculpabilização pública e assim almejar uma possível reconciliação com os portugueses!

Porque caros colegas, quando lidamos com políticos profissionais não podemos ser nós os amadores, caso contrário perdemos mais uma vez e desta o Costa tem razão!

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