Estamos a lembrar-nos, por exemplo, dos rituais que acompanham todas as grandes religiões, não apenas as monoteístas (Cristianismo, Islamismo e Judaísmo), como também o Hinduísmo, o Budismo e outras. Nós aqui, em Portugal, conhecemos melhor os rituais da Igreja Católica que nos são ensinados na catequese e que depois acompanhamos e alguns vivenciamos pela vida fora.
Os ritos servem para além de mais, para dar dignidade às práticas e até às doutrinas, que informam estas religiões. Porém, há muitos outros rituais, que as sociedades se habituaram a praticar, sobretudo para celebrarem datas de acontecimentos considerados relevantes. Hoje referimo-nos em especial, dada a proximidade de calendário, às celebrações, no nosso país, do 25 de Abril de 1974 e o 1º de Maio. Nas primeiras tentamos lembrar a liberdade, que o regime anterior havia limitado e que o MFA, no seu manifesto, tentou repor. No 1º de Maio celebramos o Dia do Trabalhador, recordando a epopeia que foi iniciada no final do século XVIII nos EUA, pela conquista da dignidade do trabalho, até então considerada uma servidão, quando não mesmo uma escravidão. Um movimento que extravasou naturalmente dos EUA para a Europa e agora plenamente assumido em todo o mundo livre.
O que nos chamou a atenção este ano, nas celebrações ocorridas no nosso país, e que terá acontecido já em anos anteriores, foi a clara confrontação entre as duas centrais sindicais – a CGTP e a UGT. A primeira mais ligada aos partidos de extrema esquerda, sob a batuta do Partido Comunista, marca o seu encontro principal na capital do País, sempre com o mesmo ritual de desfilar pela Avenida da Liberdade e concentração final na Alameda, fazendo o mesmo em várias outras cidades.
Porém, sempre de costas viradas para a outra central sindical, a UGT – União Geral dos Trabalhadores, que este ano fez as suas comemorações sindicais na cidade de Braga, aproveitando a circunstância da cidade dos Arcebispos se estar a impor como o 2º ou 3º centro laboral do país.
A questão que colocamos, e que nos levou a refletir sobre este tema, é porque é que todos os trabalhadores sejam a que central sindical pertencem, não se juntam, com as suas bandeiras, as insígnias próprias de cada sindicato e fazendo uma festa comum?
O que é que os trabalhadores (não dizemos os dirigentes das centrais) da CGTP têm de diferente dos trabalhadores afetos à UGT? O que está em causa não é apenas reforçar o movimento de unidade e de luta por melhores condições de trabalho, melhores salários e mais regalias sociais?
Estamos em crer, que esta divisão artificial (de cariz político-partidário) está a enfraquecer o movimento sindical. De tal forma, que 97 % dos novos sindicatos já estão fora destas duas centrais sindicais (Expresso de 27 de abril), constatando-se até que as ações sindicais mais evidentes nos últimos meses foram protagonizadas pelos sindicatos dos Estivadores, dos Enfermeiros, e dos Motoristas de Pesados, os três – Sindicatos Independentes.
Os trabalhadores necessitam de força associativa sindical, mas dispensam política partidária, dentro das associações sindicais.