A Ordem dos Médicos – OM, muito crítica com a política de saúde, denuncia mais uma vez a situação calamitosa de alguns serviços e, a Federação Nacional dos Médicos – FNM, resume o problema: “O que está a acontecer com a obstetrícia deve-se à situação geral do SNS e não é um caso particular.” O seu presidente, Noel Carrilho, acrescenta: “Todos os dias há centenas de situações em que os serviços pressionam os médicos, no limite das necessidades, dando origem a tempos de espera muito longos”.
Durante os últimos anos, acumularam-se deficiências e problemas. Por falta de dados e de estudos, não se sabe exatamente qual foi a evolução da taxa de mortalidade na sua relação com as questões de saúde pública. Mas há sinais claros: As filas de espera para consultas, cirurgias e exames cresceram. As saídas de médicos e enfermeiros para o estrangeiro ou para os privados, aceleram. Falhou o planeamento de longo prazo de formação e de investimento e falhou o de curto prazo, como as questões de escalas e planeamento de férias. Estas situações foram quase de catástrofe em algumas regiões, felizmente entre nós, – Vila Real –, o Centro Hospitalar e os dois Centros de Saúde vão resolvendo a maioria dos problemas.
Perante a situação de “catástrofe” que referimos, a Senhora Ministra decidiu criar uma “Comissão de Acompanhamento”. Para fazer o quê? Para coordenar o quê?
É muito possível que destas comissões venham a sair comunicados com insinuações contra os privados, contra os sindicatos, contra as farmácias e contra as ordens.
Este fanatismo ideológico da Senhora Ministra tem naturalmente a cobertura do Chefe do Governo, muito entretido nos eventos europeus, onde a guerra, que continua a penalizar toda a Europa, o obriga a uma deliberada atenção à política internacional.
Até aqui o Governo culpava a “Troika”, admitia a intransigência dos médicos e a gula dos privados. Mas, estamos em 2022, vão lá quase sete anos de governação e há subterfúgios que já não têm validade.
Não concordamos com algumas das opções políticas dos responsáveis governamentais, e os preconceitos contra o setor privado da saúde impedem o normal funcionamento do Serviço Nacional de Saúde.
Se estes preconceitos continuarem, ninguém espere grandes melhorias.