Terça-feira, 18 de Março de 2025
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Torre de Babel

Nem de propósito, nos dias, as leituras das missas feriais foram retiradas do primeiro livro da Bíblia, o Génesis, onde nos são contados os episódios do dilúvio e a arca de Noé e a torre de Babel.

Penso que são dois acontecimentos bíblicos que nos podem iluminar sobre os novos, para já brumosos e incertos, tempos que estamos a viver. Já teremos poucas dúvidas de que estamos a caminhar para uma nova ordem mundial, um novo jogo de xadrez entre emergentes e velhas potências mundiais ou nascituros blocos que se começam a posicionar, e que estão prestes a ruir alguns dos fundamentos que inspiraram o mundo desde o epílogo da II Guerra Mundial, que, provavelmente, julgaríamos inabaláveis e incontestáveis. Levanta-se no horizonte uma nova forma de totalitarismo, de subjugação, domínio e controle, desvalorizando-se a liberdade, o direito internacional e a democracia liberal. É lamentável que, mais uma vez, a humanidade esteja a ser arrastada para estes trilhos para os quais não foi convocada, e que se desvalorizem com desajeitada desfaçatez valores e instituições que trouxeram ordem, paz e justiça à humanidade.

Depois da criação da ONU, que hoje é uma instituição, infelizmente, com pouca relevância, depois de tantos acordos e pactos assinados, com as suas infindáveis conversações, voltamos a tempos em que o mais forte impõe a sua lei e esmaga quem lhe faça oposição.

Não podemos deixar de ver com alguma apreensão as loucas e diabólicas ambições que dominam alguns governantes mundiais, que querem tocar o céu, impondo aos outros os seus sonhos de grandeza, os seus espaventosos projetos de imperialismo, como sempre à custa da falta de respeito pelos outros e à custa da desgraça de muitas vidas humanas.

Não podemos deixar de sentir inquietação quando vemos uma insaciável plutocracia a ter cada vez mais poder e informação nas suas mãos, sendo-lhe dado um domínio e um controle sobre os outros que jamais deveria ter. E como ambição com ambição se paga, preparemo-nos para a digladiação de blocos e de interesses megalómanos, com consequências imprevisíveis.

É grande a perplexidade quando escutamos novos apelos para nos prepararmos para a guerra e para a necessidade de se renovar o armamento europeu, que, como sabemos, vai ter um custo social elevado, a começar pelos países mais pobres. E, sobretudo, vemos de novo o regresso da incerteza e do medo. Servir a humanidade e trabalhar pelo seu maior bem deve ser o dever sagrado de todas as nações e governantes.

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