Porque era (e continua a ser) feriado municipal e pela Feira do Gado. Esta trazia à cidade praticamente a maior parte das pessoas residentes no mundo rural. Acompanhavam os animais (gado bovino, caprino, ovino e muar) – lembramos as corridas de cavalos, algo rudimentares diga-se, mas que criavam um enorme entusiasmo.
Com o produto da venda, o comércio local era o grande beneficiário. Era ver as ruas Direita, Central, o Largo de S. Pedro e a Avenida Carvalho Araújo cheias de gente, que por ali vagueavam até ao anoitecer. Aproveitavam para saborear as barracas e diversões que se haviam instalado dias antes na Vila Velha ou no Largo de Estação e Arruamentos Circundantes (Meia Laranja incluída). Terminava esta romaria, com o chamado Domingo do Stº António, o domingo imediatamente a seguir ao dia 13 de junho. Era de facto o grande dia do comércio na nossa cidade.
O S. João foi desde sempre um Santo Popular, praticamente só recordado no Bairro dos Ferreiros com umas sardinhas caseiras dos respetivos moradores. O S. Pedro, que se celebrava a 28 e 29 de junho, voltava a ser uma grande festa, em particular a noite do dia 28, que de alguma forma pretendia imitar o S. João do Porto, celebrado a partir das Fontainhas. Em Vila Real era o Largo da Capela Nova o centro da animação. Era rei o barro preto de Bisalhães, com dezenas de artesãos provenientes daquela aldeia, postados de um e outro lado da Rua Central e a Rua das Pedrinhas ocupada pelos linhos de Agarez, tecedeiras e outros artesãos, que chegavam até ao Largo de S. Pedro.
A Banda de Música no palco montado em frente à Capela Nova (emblemático momento do Barroco) animava o ambiente até que o fogo-de-artifício chegasse. Entretanto, já se tinham partido dezenas, se não centenas de panelos, nos jogos de roda improvisados, em que toda a gente participava (bons tempos!).
Pois bem, nos últimos anos a noite de S. João virou também festa rija.
Vale a pena ver. Desde o Tribunal, descendo a Av. Carvalho Araújo, Rua Central, Capela Nova, Rua Teixeira de Sousa, zona envolvente do Mercado, S. Pedro e muitas outras artérias adjacentes. Tudo pejado de mesas, onde reina a sardinha assada, a febra de porco e a bebidas adequada, servidas pelas muitas dezenas de restaurantes, tascas e tasquinhas, de cuja existência no dia-a-dia, praticamente nem se suspeita que existam.
O curioso é que o povo inunda autenticamente todos estes arruamentos, numa animação e convívio que se prolonga bem para lá de meia-noite. Um verdadeiro êxito este, que virou tradição, e que enriquece sobremaneira a nossa cidade, que passou a oferecer mais um cartaz, que alguém teve a ideia de lançar.
Parabéns pela ideia. É um desafio aos vila-realenses residentes no exterior para que venham partilhar, esta nova tradição.