Perante as previsões de crescimento económico robusto, redução do desemprego e aumento dos rendimentos, o destino resolveu surpreender.
O surgimento de um surto pandémico na China remeteu o mundo para a reclusão sanitária, gerando uma crise económica e social de grande dimensão e cuja resolução está condicionada ao aparecimento de uma vacina eficaz.
Ainda a resolver os problemas e as consequências da crise de 2009-2014, como é o caso do Novo Banco, Portugal voltou, mais uma vez, ao modo de “sobrevivência”, sem grande capacidade para acomodar o novo impacto.
Como sempre, e apesar das eternas dúvidas e desavenças, a União Europeia ocupou o lugar de charneira, alavancando as suas capacidades e competências, desde a “bazuca financeira” até ao “processo de vacinação”.
Ao invés, o Governo português é um mestre de propaganda, cujo o único objetivo é manipular a narrativa e gerir as expectativas. Sem capacidade de reação por culpa própria, a sua função limita-se a condicionar a “espuma dos dias”.
Com o fim de ciclo, os ministérios estão à deriva, amarrados a protagonistas fracos e caducos. Da Saúde à Economia, da Segurança Social às Finanças, tenta-se preservar o presente, glorificando o passado e ignorando o futuro.
Nas vésperas do novo ano, devemos exigir novas soluções, com novos protagonistas, pois só com inovação, ambição e determinação poderemos tomar as decisões urgentes e necessárias para a inversão deste rumo regressivo.
É expectável que o processo de vacinação possa levar à normalização da realidade sanitária, no entanto, os problemas económicos e sociais permanecerão para além da utilização da máscaras e dos testes se tornarem irrelevantes.
Com importantes atos eleitorais no horizonte, é tempo de agarrarmos o futuro, focados na recuperação do país, através de uma atividade económica privada, pujante e exportadora, geradora de riqueza e emprego.
Os agentes políticos e as suas políticas devem estar subordinados à promoção e dinamização do empreendedorismo, do investimento privado, desburocratizando a Administração Pública e proporcionando meios e instrumentos essenciais.
No mesmo sentido, o Estado não deve desperdiçar recursos em nacionalizações soviéticas e nas empresas dos “amigos do regime”, mas em investimento público estrutural e reprodutor, que crie e promova novas oportunidades.
A nível social, o SNS tem de ser profundamente reformulado, englobando as instituições de cariz social e privado existentes numa estrutura que garanta um acesso equitativo, rápido e eficaz a todos os portugueses.
O país precisa de voltar ao ensino dual, que valoriza os talentos e as características endógenas de cada aluno, dando-lhe novos conhecimentos e as competências exigidas pelo mercado de trabalho.
Por último, o ano de 2021 tem de ser um ano fundamental para se restabelecer a reflexão e o debate sobre a coesão territorial, pois o interior do país necessita urgentemente de ser uma prioridade latente para o poder político.
Desejo a todos um bom ano de 2021.