O bloqueio político espanhol tenderá sempre a ser resolvido, ou a plasticidade política dos vários protagonistas fará das negociações a arte do compromisso que carateriza a maturidade em democracia ou um novo processo eleitoral não será um cenário a excluir. A radicalização política que abraça a Espanha envolveu-a numa metamorfose social e partidária quase constante e que se torna extremamente difícil de a projetar. A indignação e a contestação social, que também provieram de um certo cansaço e desencanto do centralismo bipartidário e da própria classe política, tiveram na crise de 2008 a sua origem.
O aprofundamento de medidas austeritárias e alguns escândalos de corrupção impactaram de tal forma a sociedade espanhola que justificaram a indignação enquanto resposta social, contribuindo assim para a implosão do sistema partidário em Espanha. O aparecimento de novos movimentos e partidos políticos tiveram uma forte repercussão na ação política dos dois grandes partidos do establishment espanhol, o PSOE e o PP. O consenso tradicional foi rompido, favorecendo uma maior amplitude de alianças, pelo menos no campo da esquerda, que configurou a polarização política que se vive atualmente em Espanha.
Apesar da vitória do PP nestas eleições legislativas e sua recente tomada de posse, o caminho que Alberto Feijóo pretende percorrer como governo minoritário terá, na oposição de Pedro Sánchez, um grande obstáculo, contudo apesar da democracia depender de consensos, não serão os pactos de centralidade que darão a governabilidade a Espanha. E esta, já não é o que era…
