A notícia caiu-nos inopinadamente num email que nos deixou consternados. Esta personalidade, com quem convivemos em muitos momentos importantes merece-nos, naturalmente, uma referência neste nosso apontamento semanal, porque a região de Trás-os-Montes e Alto Douro nunca se terá apercebido, por falta de informação do contributo da Casa de Mateus, da sua notoriedade, em particular, no domínio da cultura.
Como presidente da Autarquia Vila-realense desde 1977 até 1992, pude testemunhar, já que ambos nos envolvemos, tantas vezes, neste domínio.
É sabido que a Fundação da Casa de Mateus, instituição que ele próprio administrava, foi uma dinamizadora cultural, em domínios, que as autoridades locais, não tinham condições para desenvolver.
O ciclo, “Cultura em Diálogo” e “Repensar Portugal”, durante mais de duas dezenas de anos, trouxeram até nós, personalidades do mundo das Artes e da Cultura, que só alguém, bem relacionado, próximo e conhecedor desse universo conseguia atrair. Nem sempre a sociedade civil da região se terá apercebido dessa dimensão. Porém, a comunicação social, nacional e internacional, destacaram as dezenas de artistas – do mundo da música erudita, do teatro, das belas-artes e da literatura que por lá passaram.
E não menos importante, os Prémios, e os inúmeros Cursos de Formação, que nesse domínio se foram fazendo na Casa de Mateus com discípulos de toda a Europa.
Como responsável da Autarquia durante dezoito anos, tive a oportunidade de conhecer, as grandes personalidades da vida nacional, – meio artístico e político – frequentes em Mateus. Ramalho Eanes, Mário Soares, Cavaco Silva, Pinto Balsemão e outros, com quem convivi na altura e que graças a essa proximidade, tanto me ajudaram no exercício da minha função autárquica.
Na minha convicção, a Região, não se apercebeu do papel que o Eng. Fernando Albuquerque teve enquanto Presidente da Fundação da Casa de Mateus. Pessoalmente muito beneficiámos desse privilégio, não podemos esquecer, quanto esta ajuda contribuiu para o êxito, – permita-se-nos a imodéstia –, que tivemos no período em que exercemos funções públicas e não apenas políticas.
A Fundação da Casa de Mateus, que se pauta por uma discreta intervenção, tem sido, sem dúvida, um dos grandes responsáveis pela divulgação da região. Atente-se nas centenas de milhares de pessoas que anualmente a visitam.
Bem-haja, pela sua dedicação à Fundação.
Um emocionado muito obrigado e um sentido abraço a família enlutada.