Há por vezes injustiças para pessoas que anonimamente desenvolvem tarefas de mérito, inspiradas apenas naquilo em que acreditam.
António Reis Gomes não será esquecido porque a sua marca de artista é indelével e continuada e os seus triunfos espalham-se um pouco por todo o lado com perfume exalante que contagia…
Ele continua a ser um homem de sonhos que se tornam realidade porque nunca desiste da criação artística nas suas diversas cambiantes musicais como: professor, maestro, trompetista insigne, compositor prolífico… Impossível ficar indiferente à sua obra que facilmente se eleva aos píncaros da criatividade.
Bem-falante, comunicativo e de sorriso fácil, Reis Gomes é um cidadão que todos gostariam de ter como amigo e na verdade ele tem um conjunto de figuras célebres que o admiram pelo seu talento e personalidade intocável.
O seu currículo é imenso e não haverá espaço aqui para mostrar a magistralidade dos lugares por onde passou. Estudou no Conservatório Nacional, onde se inspirou num espaço cheio de nobreza, arquitetura palaciana cujos professores eram referências de exigência e capacidade…
Passou pela Banda da Armada de 1961 a 1968. E pela relevância do seu talento integrou como trompetista em 1968 a Orquestra da Fundação Gulbenkian até 1999. Uma formação exponencial onde pontificavam dos melhores instrumentistas do universo musical. Reis Gomes na sua simplicidade e mestria granjeava dos colegas respeito e admiração.
Pelo que se sabe, Reis Gomes conserva uma admirável fidelidade de si próprio, protegendo e defendendo a sua integridade moral. Nunca se queixa, mas também nunca cala as zombarias assumindo-se contra a mediocridade e o oportunismo. Nos vários palcos da vida tem deixado um rasto de talento raro, incomum e uma compreensão quase sem limites.
António Reis Gomes foi um artista sempre disputado para tocar em festivais, e em numerosos programas musicais na televisão…a marca do seu toque desenhava-se num timbre caloroso de cortar a respiração, num fluxo inquebrantável de beleza.
Natural de Galveias, no Distrito de Portalegre, Reis Gomes fala da sua terra com emoção, inspirado pelas harmonias que se desprendiam da banda local. As suas raízes estão ali irmanadas na saudade dos que já partiram, porque saudade é ter lastro, ter história, é ter passado. Atualmente vive em Almada, mas Galveias é para Reis Gomes chão sagrado porque à sua terra ele faz alusões de sentimentos e emoções, continuando a escrever na poesia dos sons a alma iluminada da sua terra.
As palavras que perfilo pretendem evocar um amigo invulgar na sua modéstia e na sua grandiosidade como homem e como artista.