Segunda-feira, 12 de Maio de 2025
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Ricardo Almeida
Ricardo Almeida
Professor e Empreendedor Social

Atento ao Woke

Os comentários frequentes sobre as circunstâncias políticas nos EUA têm destacado um novo movimento de transformação social que, recentemente, vem acumulando um crescente protagonismo.

Surpreendentemente (ou não), é de tal forma eficaz que se encontra cada vez mais presente nas sociedades americana e europeia.

O Woke (acordado) é um movimento social, de origem afro-americana que exprime um estado de alerta e consciência para com as injustiças sociais. O artigo no New York Times intitulado “If You’re Woke You Dig It”, de 1962, ou a afirmação de Martin Luther King Jr., em 1965, referindo que “Não há nada mais trágico do que adormecer no meio de uma revolução”, lançam o mote para a difusão de uma cultura que ganhou cada vez mais força. O movimento “Black Lives Matter”, designadamente com o # nas redes sociais (#blacklivesmatter) deram escala global ao protesto contra a violência racial da polícia americana. O caso de George Floyde é o exemplo paradigmático de uma tendência que funciona de “guarda-chuva”, não apenas na luta contra o racismo, mas também para outro tipo de movimentos sociais como o #MeToo (luta contra o sexismo) e o #NoBanNoWall (luta pelo direito dos emigrantes). Estes novos “agentes” da justiça social utilizam o simbolismo como a grande arma digital de propaganda, fazendo assim passar, de uma forma simples, mas massiva, a sua mensagem.

É de facto importante estarmos acordados para as injustiças sociais, mas o que haverá por detrás de um movimento que apresenta no seu seio mecanismos de intolerância? Como o caso da cultura de cancelamento, que funciona quase como uma espécie de censura à linguagem e às ideias contrárias às suas. Estaremos perante transformações reais ou apenas o “negócio” vazio que aponta e denuncia, com uma vontade (mais forte) de capitalizar o protesto sem qualquer (verdadeiro) interesse em construir alternativas concretas.

Será uma espécie de cultura neomarxista sem a vertente económica? Ou, por outro lado, serão apenas agentes liberais que olham unicamente para a representação racial e de género como o epicentro da sua ação política?

Onde fica a luta (genuína e transparente) pelas desigualdades materiais?

Woke como ideologia é que não parece!

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