Surpreendentemente (ou não), é de tal forma eficaz que se encontra cada vez mais presente nas sociedades americana e europeia.
O Woke (acordado) é um movimento social, de origem afro-americana que exprime um estado de alerta e consciência para com as injustiças sociais. O artigo no New York Times intitulado “If You’re Woke You Dig It”, de 1962, ou a afirmação de Martin Luther King Jr., em 1965, referindo que “Não há nada mais trágico do que adormecer no meio de uma revolução”, lançam o mote para a difusão de uma cultura que ganhou cada vez mais força. O movimento “Black Lives Matter”, designadamente com o # nas redes sociais (#blacklivesmatter) deram escala global ao protesto contra a violência racial da polícia americana. O caso de George Floyde é o exemplo paradigmático de uma tendência que funciona de “guarda-chuva”, não apenas na luta contra o racismo, mas também para outro tipo de movimentos sociais como o #MeToo (luta contra o sexismo) e o #NoBanNoWall (luta pelo direito dos emigrantes). Estes novos “agentes” da justiça social utilizam o simbolismo como a grande arma digital de propaganda, fazendo assim passar, de uma forma simples, mas massiva, a sua mensagem.
É de facto importante estarmos acordados para as injustiças sociais, mas o que haverá por detrás de um movimento que apresenta no seu seio mecanismos de intolerância? Como o caso da cultura de cancelamento, que funciona quase como uma espécie de censura à linguagem e às ideias contrárias às suas. Estaremos perante transformações reais ou apenas o “negócio” vazio que aponta e denuncia, com uma vontade (mais forte) de capitalizar o protesto sem qualquer (verdadeiro) interesse em construir alternativas concretas.
Será uma espécie de cultura neomarxista sem a vertente económica? Ou, por outro lado, serão apenas agentes liberais que olham unicamente para a representação racial e de género como o epicentro da sua ação política?
Onde fica a luta (genuína e transparente) pelas desigualdades materiais?
Woke como ideologia é que não parece!