Quase em desespero, porque o adágio da Senhora das Candeias tardava a concretizar-se – «Se a Senhora das Candeias rir, a chuva está para vir». Pois ela aí está, a quase dificultar essa visão do mundo. Valem-nos estas outras formas de comunicar, que a internet nos propicia.
Os últimos dias foram pródigos em acontecimentos. Nem todos funestos. Mas há sempre quem veja algo de negativo no que vai acontecendo. Se no dia seguinte às eleições legislativas de 30 de janeiro muitos se regozijaram, outros houve que nem por isso. Manda o realismo e os princípios do sistema democrático que se respeitem os resultados eleitorais. Ao menos isso. Pois houve quem não se conformasse. Azia q.b.! Choque! Declarações públicas dirigentes dos que deviam comportar-se como pilares da democracia, que os partidos são, deixam muito a desejar. Seguiram-se ameaças de saída à rua e queixinhas. Normal dir-se-á. Também o direi. Mas há um tempo para tudo. Para a democracia representativa funcionar e para a democracia direta se expressar.
As televisões trouxeram-nos casa adentro notícias que amedrontaram o comum dos mortais. Nem todos têm a capacidade de separar o trigo do joio. Por isso se tornou tão polémico o comunicado conjunto do Ministério Público e da Polícia Judiciária a respeito do atentado que esteve para acontecer, mas que, afinal, não aconteceu. O jovem chegado da aldeia à cidade grande, à universidade, que planeia um atentado?! Inadaptação? Ódio? Vontade de matar? As televisões excederam-se com imagens do jovem estudante, da sua família e da sua aldeia. A outro nível, houve mesmo ataques reais. Também eles, muito preocupantes. Foram ciberataques a empresas de comunicação social, a uma outra de telecomunicações e a um laboratório da área da saúde. Os alvos são empresas sensíveis. Em todos estes casos com consequências nefastas para o comum das pessoas, muitas delas sem nada que possa merecer os malefícios de um jornal que não sai, de uma televisão que deixa de emitir, de uma rede de telecomunicações que fica bloqueada e não permite que filhos contactem com os pais, de empresas impedidas de desenvolver os seus negócios, infraestruturas de saúde que deixam de poder prestar serviços essenciais, em qualquer situação, mas ainda mais em caso de pandemia como o que se vive atualmente.