Quinta-feira, 12 de Setembro de 2024
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

Convivência difícil, uma constante de séculos

Li há dias uma resenha de situações, históricas, umas, bíblicas, outras, que, muitas vezes, se cruzam ou coincidem no essencial.

Constata-se que o Médio Oriente (MO) é uma região com permanentes fluxos migratórios provocados por guerras ou crises de fome. De tempos a tempos surgem condições propícias ao domínio de uns povos sobre outros. Constituíram-se até impérios poderosos. Sumérios e egípcios são dois desses povos que se afirmaram na região, quer em termos culturais, quer económicos ou políticos. Todavia, a História mostra bem os conflitos sistemáticos entre os povos do MO. A Palestina não é exceção. Tanto num tempo passado, como nos dias que correm. Os acontecimentos de 7 de outubro evidenciaram bem essa realidade.

A atividade parlamentar possibilitou-me uma experiência muito rica numa instituição internacional, a União Interparlamentar – formada por membros dos parlamentos dos países onde havia eleições. Uma das Conferências em que participei, a 103ª, maio de 2000, teve lugar em Amã, na Jordânia. Como integrava a Comissão de Educação, Ciência, Cultura e Ambiente, sendo um dos temas em debate naquela comissão “O diálogo entre as civilizações e as culturas”, achei por bem preparar uma curta intervenção sobre este tema. Comecei por me referir àquela região como ponto de encontro de muitas culturas, não fora ponto de confluência de várias rotas comerciais. Ora, essas culturas estão na base de civilização que se desenvolveu à volta da bacia Mediterrânica. Hoje, reconhece-se a Palestina como a região do globo onde surgiram as três religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e islamismo.

Como era habitual, o plenário da Conferência votava um documento final sobre um ou vários temas da atualidade. Tive o ensejo de acompanhar o presidente da delegação portuguesa à reunião preparatória desse documento. Calculava-se que qualquer referência à situação do Médio Oriente seria difícil de consensualizar. Mas é difícil transmitir com precisão a luta, acho que é esta palavra correta, que se gerou entre delegações de países árabes e a delegação israelita, à volta de palavras, sei lá, sinais de pontuação, para se encontrar um texto comum que pudesse ser votado favoravelmente por todos. Afinal, se as posições eram irredutíveis num fórum parlamentar como aquele não se estranharão as atuações, a todos os títulos lamentáveis, que temos visto por estes dias.

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