Terça-feira, 21 de Janeiro de 2025
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De bestial a Besta – a parábola do político de mercearia

Apesar do paradigma nacional se encontrar em mutação – o que se comprova com o surgimento de novos partidos no hemiciclo parlamentar – a política local na nossa região, e em territórios de semelhante densidade populacional, pauta-se pelo excessivo uso do cinismo e desmedido aproveitamento da cultura de cegueira partidária que por cá existe.

No que tange com a inexistência de amplitude visual no seu conceito figurado, esta detém elevada preponderância no condicionamento da eleição de quem representa cada uma das nossas comunidades.

Inexplicavelmente, os invisuais praticantes, por intermédio das demais circunstâncias em que exaltam a crença na própria e inatingível superioridade, personificam o fanatismo que tenuemente disfarça a prepotência e ausência de humildade, sendo no oportunismo jacente à descrita prática que se descura a prossecução do interesse público e comum.

Neste seguimento, o político erra na técnica que usa para conquistar o eleitorado, fazendo-o assente na ideia de totalitarismo partidário que impõe e fomenta, em detrimento da promoção do seu projeto e valores.

Outra falha do merceeiro local determina-se no cinismo empregue no período que antecede os atos eleitorais. Existe uma protocolar imposição de, no diálogo com o eleitor e de forma impostora, corroborar, simpatizar e incentivar todas as perspetivas pelo último apresentadas, o que não consubstancia grande prejuízo para o visado.

No entanto, quando conscientemente e deslealmente se ludibriam os mais necessitados com falsas promessas de emprego, sustento ou dinheiro, com o intuito de – em contrapartida – se obter o compromisso de campanha e derradeiro voto, despoleta-se o futuro descontentamento de quem não vislumbrará o concretizar do pactuado.

Desta forma, o chico-esperto finda confrontado com a insatisfação daqueles com quem foi impostor e sendo esquecido pelos remanescentes que permanecerão cegos e imediatamente preparados para o substituírem por outrem.

Em suma, na política como na vida, devemos munir-nos de relevante grau de abrangência – seja ela partidária ou não – do mesmo modo que, individualmente e sem amarras, nos permitamos questionar, avaliar e decidir com base no mérito e na capacidade, mantendo a distância das evidenciadas tramas e artimanhas que tantas vezes frustram as expectativas ou, quiçá, deixam a governação órfã.

No que respeita aos políticos de mercearia, nunca passarão da sua loja e, certamente, terminarão caindo. Por vezes só necessitam de um pequeno empurrão.

Razão detinha Francisco Sá Carneiro – a política sem ética é uma vergonha.

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