Hoje inicio um novo desafio neste espaço de opinião, onde espero partilhar pontos de vista, numa perspetiva político-pessoal que possa contribuir para uma visão democrata e liberal do rumo da sociedade.
E porque falamos de expectativas ocorre-me discorrer sobre o papel das mesmas nas vivências atuais.
Poderíamos cair facilmente na premissa errada de que é essencial ter muitas expectativas ou até de que quantas mais melhor. O excesso de expectativa é o caminho mais curto para a frustração.
Inúmeras vezes nos deparamos com este paradoxo na política local. A criação de expectativas grandiosas que mais não são do que promessas vendidas como conquistas, na tentativa de gerar uma ilusão de grande poder e trabalho junto da população, mesmo sabendo que estas têm grande probabilidade de não se concretizar. Assim tem sido em Vila Real!
Em julho/21 foi anunciado “Vila Real candidata a capital Europeia da Cultura 2027”. Uma corrida que surgiu a quatro meses do prazo final da entrega das candidaturas quando as restantes cidades candidatas tinham já um projeto coeso e localmente concertado. Uma expectativa precipitada, mal trabalhada com os agentes locais, que nos custou centenas de milhares de euros, sem qualquer financiamento comunitário.
Em maio/22 o executivo socialista anuncia, com pompa, que em Vila Real se realizariam as filmagens da série “Velocidade Furiosa”, gerando a expectativa de um impacto mediático e económico em termos de promoção de todo o concelho, da restauração à hotelaria, passando pelo recrutamento de dezenas de profissionais de setores ligados à eletricidade, carpintaria, entre outros. Todos esperámos para ver o grande espetáculo, que afinal se resumiu a alguns cortes em troços da A24 para aí ocorrerem as filmagens, tendo sido Viseu a cidade escolhida para ser o “quartel general” de toda a estrutura e organização.
Em outubro/22 ouvimos o anúncio de boas novas para o Circuito de Vila Real. Com o fim do WTCR, a expectativa da vinda do DTM este ano, como forma de colmatar essa ausência, rapidamente se tornou inviável, dando lugar à incerteza de manter, em 2023, o circuito de Vila Real com provas internacionais.
Outros exemplos: a viagem ao Dubai, cujos “investidores angariados” tardam em chegar; o famigerado master-plan das piscinas anunciado em 2017 (há 5 anos!) e cujas obras ainda nem se avistam.
Expectativas desapropriadas que alimentam egos e tentam ludibriar as massas, não passando de mentiras encapuzadas de projetos, embelezados com pomposos anúncios, numa manobra populista que em nada engrandece o concelho nem o faz prosperar.
As pessoas estão atentas e querem mais para Vila Real, cidade e concelho.