Nove meses passados desde a morte de Ihor Homeniuk, a viúva falou para uma televisão portuguesa. Ficámos a saber o que o Estado português já fez nesses nove meses: nem pedido de desculpa, nem indemnização, nem nada. Agitaram-se os agentes políticos, numa tentativa de se desresponsabilizar e de tornar este caso político num caso meramente técnico relacionado com a orgânica do SEF.
E eis que acontece um verdadeiro golpe de teatro com a demissão da diretora do SEF. Foi, sem dúvida, uma demissão oportuna de Cristina Gatões que assim evita ir à audição parlamentar, juntamente com Eduardo Cabrita. Quanto a Cabrita, só António Costa e o PS conseguem perceber como esse senhor ainda se mantém no cargo, dada a quantidade de asneiras em que já esteve envolvido.
Neste caso particular, Eduardo Cabrita tornou-se um embaraço. Nove meses depois do crime gravíssimo cometido contra um cidadão que estava à guarda do Estado, as respostas do MAI para o sucedido envergonham qualquer país civilizado. Exigia-se que Eduardo Cabrita aclarasse o que falhou, apurasse atempadamente as responsabilidades, criasse mecanismos para que casos destes nunca mais se repetissem e impedisse que um erro manchasse a dignidade de uma instituição tão relevante como o SEF.
O Ministro fez o contrário disto, mais uma vez, fugindo às suas responsabilidades de tutela. A única solução que aparentemente se discute é o desmantelamento do SEF e, esta semana, o MAI acabou por ser ultrapassado por um dos seus subalternos, o Director Nacional da PSP, que veio sentenciar a fusão do SEF com a PSP, tomando de assalto as competências no ministério e deixando o ministro Eduardo Cabrita à porta. Mas nem só do MAI se faz o ridículo. Também o ministro das infraestruturas, Pedro Nuno Santos, voltou a mostrar a incapacidade deste governo. Em 7 meses, este ministro, que é um zero à esquerda, tudo o que conseguiu foi pôr um zero à direita nas ajudas à TAP, passando dos 400 milhões para os 4000 milhões de euros.
É apenas um zero à direita, dirão os defensores do “punho da bancarrota”, mas esse zero são cerca de 400 euros por cada Português, incluindo crianças.
Já cá por Chaves os números são outros, mas o vale tudo é mais ou menos equivalente.
Houve eleições intercalares na freguesia de Ervededo, onde o facto de maior destaque foi a entrega de cabazes pelo executivo municipal socialista, três dias antes do ato eleitoral, algo condenado pela própria CNE, que se viu obrigada a intervir: “como medida provisória, ordena-se ao Presidente da Câmara Municipal de Chaves que cesse de imediato e até ao final da votação, a conduta descrita na participação ou similar”. Espantosamente, na reação à noite eleitoral, foi o próprio presidente que qualificou a satisfação pela vitória “numa campanha suja”. Ele lá saberá! Eu apenas sei que o Natal em Ervededo não se festeja a 13 de dezembro e que a entrega dos cabazes podia e devia ter sido feita esta semana, no pós-eleições. O cargo exige saber estar! ■