Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2024
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Mário Lisboa
Mário Lisboa
Tenente-Coronel da Força Aérea. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Idade sénior

“Há políticas nos dias de hoje que ensinam a não fazer nada”. Esta frase curta, desprovida do servil “politicamente correto” daqueles que se vão orientando no regime em vigor, saiu solta, como a água que brota cristalina da nascente.

Esta frase foi proferida no dia 25 de outubro deste ano por um homem de 90 anos, de nome Manuel, que vive na região de Sintra e obriga-nos a pensar neste país devastado por políticas e políticos desastrados que só olham para eles e para o seu bem-estar.

Agora, andam na moda as campanhas a favor dos “seniores”, ou seja, dos velhos e velhas deste país. Os cegos passam a ser designados invisuais, os surdos deficientes auditivos e os coxos deficientes motores, etc.

Enfim, quando jogávamos futebol no glorioso SC Vila Real, havia os infantis, os juvenis, os seniores e os veteranos. Não havia nenhuma equipa de velhos.

Confessamos que não gostaríamos de ser chamados seniores quando já somos velhos. Preferimos mil vezes que os bebés continuem bebés nas suas fraldas, as crianças permaneçam crianças nas suas distrações de bonecos e carrinhos, os adultos, adultos nas suas vidas e os velhos, velhos, quando for perfeitamente claro que novos não são.

Moucos já andamos por vezes, se piorarmos, queremos ser surdos. Se as cataratas, ou as dificuldades de as resolver, nos impedirem de ver, queremos ser cegos. E, se daqui a alguns anos, com o avançar da idade já nos chamam de velhos, então queremos sê-lo.

Finalmente, se nos chamarem seniores, além de nos sentirmos desrespeitados, poderemos, na senilidade, vermo-nos de novo com chuteiras e calções a aquecer no Campo do Calvário, na lateral, prontos para entrarmos em campo e procurar marcar alguns golos, que sempre foram o objetivo do futebol, só que, já não temos força.

Assim, as leis do tempo temos que as enfrentar.

Citando o escritor alemão Erik Marie Romark, no seu pensamento “tempo para amar, tempo para viver, tempo para morrer”, parece-nos que nele se define o que acontece na vida de todos nós.

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