Cada dia que passa ouvimos notícias que nos mostram, com clareza, que aquilo que se construiu depois de 25 de Abril de 1974, em termos de direitos sociais e qualidade de vida, está a ser desmontado por um poder político alinhado e ao serviço do grande capital financeiro.
Na região de Lisboa, onde tudo acontece para o pior, os que cá vivem sujeitam-se ao sistema por não terem outro remédio para todas estas desgraças.
Um cidadão residente em Sintra, ou na linha do Estoril, prepara-se para ir trabalhar e quando chega à estação depara com uma greve, não só nos comboios, mas também nos autocarros, no metro, etc. Quando chega ao emprego está à espera que a porta esteja fechada ou então lhe digam “está despedido”.
Começou o medo.
– Quando precisa de ir ao hospital para marcar uma consulta, para além de pagar uma taxa, vai esperar no mínimo um mês, se tiver sorte, e também que não haja qualquer greve no referido hospital.
O medo continua.
– Um jovem de 17 anos procura repetir a matemática porque não teve os 16 valores mínimos necessários e imprescindíveis para a sua admissão ao curso superior que sempre quis tirar.
Realmente a matemática, criada pelo atual sistema de ensino, que pretende transformar os jovens portugueses nos «Einstein Europeu», mesmo que esta disciplina nada lhes venha a servir nos cursos que pretende seguir .
O medo subsiste.
– A seguir, este jovem termina o seu curso superior e vai trabalhar como caixa de um supermercado porque não há emprego de acordo com o seu potencial cultural, com medo de ser despedido.
É assim o panorama deste País dilacerado e sem soluções.
Em próximas oportunidades iremos continuar com os medos que afligem muitos dos portugueses, restando a alguns deles que, durante a sua vida, nunca andaram de comboio, autocarro, bicicleta e até continuam a viajar no lugar de trás do seu «Mercedes» a lerem as últimas dos jornais da cor.
Enfim, são só desgraças a que se assiste neste Portugal à deriva com estudados silêncios convenientes dos mais altos responsáveis.
Com o devido respeito pela cidade de Lisboa, ninguém é capaz de escrever e dizer, preto no branco, o que está mal e o que devia estar bem.
Em bom rigor, os detentores da verdade são aqueles que nada sabem e nada debitam.
São esses que, sem olharem ao que fazem, (mal) obrigam os outros a fazerem bem, mesmo que os obriguem a deixar de comer ou a tomar medicação.
Tem de tomar uma opção: alimentação ou morte.