A pandemia do Covid-19 é mais um exemplo desta afirmação. O governo de Costa é dos governos mais redistributivos da Europa, no entanto, quando as escolhas se tornam difíceis e os recursos ficam mais escassos, o ato de governar torna-se menos apetecível.
Em 2011, PSD e CDS assumiram um dever de missão de equilibrar as contas públicas e os principais indicadores macroeconómicos, independentemente de problemas de comunicação ou do mérito das políticas públicas implementadas, as estratégias, as metas e os objetivos eram claros para todos os portugueses.
Em 2020, o mundo desabou. Com isso, o PS demonstra um desconforto face à pressão latente e ao escrutínio constante, não assumindo um rumo e uma estratégia para a saída da crise e os compromissos que levaram à geringonça perderam a validade. Os parceiros da geringonça – BE, PCP e PEV – perderam o interesse em suportar um governo sem grande futuro.
A descoordenação e o mal-estar dentro do Governo também são fatores que contribuem para a falta de capacidade de atuação do governo face ao momento atual. As medidas mudam consoante o quadrante do vento e a tomada de decisão não está subordinada a estudos, somente depende de velhos preconceitos ideológicos e de um certo “achismo”.
O ano de 2021 será de grande instabilidade, não só pelos desafios sanitários, económicos e sociais, mas também por um espetro político mais volátil e menos suscetível a acordos e entendimentos. As únicas circunstâncias que mantêm António Costa no poder são a Presidência da Conselho Europeu no próximo semestre e as Eleições Autárquicas em setembro/outubro.
A partir do último trimestre de 2021, nada é garantido, tudo é uma incógnita e os resultados podem ser desastrosos. As mortes do Covid-19 e das outras enfermidades que o SNS não consegue responder, as falências, o desemprego, a pobreza e um Governo em “roda livre” são os ingredientes para um cocktail potencialmente explosivo.
No fim, quando se está no poder pelo poder e o poder se torna pouco atrativo, surge o famoso fim de ciclo. Neste “canto do cisne”, é preciso uma nova alternativa política que tenha a coragem e a determinação que PSD e CDS demonstraram em 2011.