Terça-feira, 14 de Janeiro de 2025
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O paciente e sinuoso caminho sinodal

Prossegue o paciente e sinuoso caminho de escuta, reflexão e debate.

Como seria de esperar, têm aparecido dificuldades e resistências, e até tensões e conflitos. Inclusive até paira no ar o risco de cisma, como no caso da Igreja alemã, onde o processo sinodal está a passar por fortes confrontações e divergências. As mudanças são sempre precedidas de desconfiança e obstinação. Como em tudo, também na Igreja há imobilismo, comodismo, apego à rotina, contumácia tradicionalista e ritualista, aversão à novidade, desinteresse pela inovação, adormecimento nas mentalidades, até interesses e domínios instalados. Contudo, a vida das pessoas e das instituições vai avançando.

Apesar dos avisos, estão a acontecer alguns equívocos. Este longo e aturado processo de auscultação do povo de Deus não é uma democratização da Igreja, como é reclamado por alguns grupos e fações eclesiais. É não ter noção da natureza da Igreja. Não é uma maioria que a partir de agora vai governar a Igreja. Aliás, a Igreja jamais poderá ser uma instituição plenamente democrática como qualquer outra instituição social ou sociedade, regida pelas regras da democracia. A Igreja é conduzida pelo Espírito Santo, foi fundada por Jesus Cristo, é d’Ele e não nossa, embora também o seja, porque somos seus membros. A Igreja é de Deus, orientada pelo espírito santo, chamada a viver e a anunciar o Evangelho. Portanto, o processo sinodal não pode servir para os cristãos construírem uma Igreja à sua maneira, segundos as suas ideias e com os critérios mundanos. E muito menos o processo sinodal deve servir como instrumento para se levar para dentro da Igreja as modas e as convicções de cada tempo. O Papa Francisco teve o cuidado, desde o começo, de acentuar que o processo sinodal é uma escuta comunitária do que o Espírito Santo quer dizer à Igreja deste tempo, na busca da vontade de Deus, que passos e caminhos aponta à Igreja de hoje. Há que prestar atenção aos sinais dos tempos e não às “modas” do tempo. Não é para cada um se escutar a si mesmo, nem para grupos e fações se escutarem a si mesmos e imporem a sua vontade à Igreja. Isto seria adulterar o processo sinodal.

Aliás, ao contrário do que significa a palavra sinodal, caminhar juntos, em conjunto, muitos têm revelado que não querem caminhar com os outros ou com a Igreja, mas querem que os outros ou a Igreja caminhem com eles, muito convencidos das suas certezas e das ortodoxas soluções que têm para o futuro da Igreja.

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