O passeio consciente deste desígnio inicia nas vontades principais de qualquer idoso, a de querer permanecer na sua própria residência e manter a sua autonomia, percorre incertezas da garantia dessa esperança legítima, fruto da observação pragmática da realidade, e finaliza com a convicção da necessidade de contribuir, construtivamente, para a alteração do paradigma dos cuidados domiciliários.
Os modelos internacionais de apoio ao envelhecimento apresentam linhas orientadoras convergentes, mas também abordagens distintas, de acordo com as caraterísticas internas de cada país. O Reino Unido, onde o Apoio Domiciliário é financiado pelo governo, implementa políticas determinadas pelo poder local, através da criação de um Conselho, onde se articulam as necessidades da comunidade com o acesso aos serviços necessários e da supervisão de agências privadas contratadas pelas próprias famílias. No caso da Austrália, o governo teve como prioridade o Apoio Domiciliário enquanto programa interventivo e preventivo, evitando e retardando a institucionalização. O sistema nórdico, desde 1980, deu relevância às políticas de desinstitucionalização, com equipas de apoio domiciliário altamente especializadas, onde o Estado garante, no caso da Dinamarca, a cobertura universal para aqueles com necessidades estabelecidas e benefícios fiscais para as famílias cuidadoras informais. O modelo alemão baseia o seu sistema de cuidados em políticas tributárias, programas de seguros e meios de avaliação de sucesso, enfatiza a universalidade, a possibilidade de escolha e a utilização do mercado regulamentado. O governo alemão é, ainda, responsável pelo registo dos prestadores de serviços, pela negociação do preço e pela supervisão da qualidade dos serviços das entidades públicas e privadas.
Posto isto, abordar o envelhecimento de “pernas para o ar” significa ter, como prioridade nacional, políticas de desinstitucionalização. Mantém, ainda, premente a valorização do poder local como parceiro estratégico, uma comunicação mais articulada entre os Hospitais e os Serviços de Apoio Domiciliário e a equidade de tratamento entre as instituições privadas e públicas. Demonstra também uma vontade de inovar em medidas concretas, como as avaliações frequentes de necessidades; a diversificação na configuração de serviços; os planos de cuidados idealizados por objetivos; formação específica e rigorosa dos cuidadores formais, bem como em programas de intervenção de autonomia individual.
Será necessário passar de um passeio para um salto inconsciente para podermos aspirar a um modelo mais respeitador das nossas vontades?