Quem disse que o sentimento de pertença a um local era impróprio nos dias de hoje?
É esta a pergunta que trago comigo sempre que vou a Vila Real, a minha terra. Aqui, recebo a amizade dos meus conterrâneos e naturalmente os mimos da minha família, que aqui reside.
Neste contexto, a geração dos meus filhos, debatem-se em dois grupos distintos: os afortunados que receberam educação nas universidades e os menos felizes que, por várias razões, não puderam ou quiseram receber a mesma educação.
No primeiro grupo, estão os intelectuais, com formação especializada, os que ocupam os postos bem remunerados. No segundo, estão os supostamente ignorantes, a mão-de-obra pouco qualificada, os que auferem salários baixos ou estão simplesmente desempregados.
No primeiro caso, estamos perante a elite, que obviamente foi, ao longo das últimas décadas, capturando o poder político.
Ambos os grupos acima mencionados se encaram com desconfiança. Os do 1º grupo sabem fazer valor dos seus interesses e valores junto do poder político, que, por sua vez obriga, as sociedades a acatar normas, que lhe sejam favoráveis.
Ou seja, qualquer coisa como uma doutrina com que o homem e a mulher podem, e devem agir livremente, compreenda-se, sem os Grilhões do Estado, por forma a produzir o máximo possível e a criar riqueza.
Entretanto, embora a riqueza tenha aumentado, o fosso entre os ricos e os pobres agravou-se nos últimos 50 anos em Portugal e no mundo.
Cada vez mais, os que pertencentes ao 2º grupo, se sentem esquecidos, discriminados e humilhados. Acontece ainda, que os membros deste grupo adormecido durante décadas, que não acompanharam os tempos, dirão (alguns) presos a um passado que morreu, porque o mundo mudou e está numa parte considerável da sociedade. São um grupo que assiste à morte da social-democracia, e cujo valor máximo é defender o bem-estar da comunidade, e valoriza, claro está o Estado, ou seja, o país que ajudou a construir e que vê morrer paulatinamente, sem que possa fazer nada para o evitar, pois perdeu a voz.
Finalmente, falo do problema da pandemia, que tem obrigado, entre outras ações heroicas, à luta dos profissionais de saúde nos hospitais, bem como das autoridades policiais, bombeiros e gente voluntária que tem desenvolvido não só na contenção deste ‘Tsunami’. O inimigo é silencioso, mas nós sabemos que ele existe, há que localizá-lo e tratá-lo, com os cuidados que ele merece.
Esperemos que a curto prazo a vida do país volte à normalidade, pois os laços de solidariedade que têm sido conseguidos, irão com certeza vencer, com rapidez e eficácia este mal que ninguém esperava que acontecesse, com a dimensão que nos é comunicada através dos órgãos de comunicação social.
O Senhor do Calvário, padroeiro de Vila Real, nos ajude.
Até sempre.