Em ditadura já não é assim, a mesma conduta é proibida, considerada subversiva e antipatriótica. A amnésia histórica, ou versões alternativas da mesma, vão adormecendo e ignorando o contexto de perseguição, intimidação e violência que continua a caraterizar a praxis governativa de sistemas ditatoriais, como aquele que representou o período do Estado Novo, em Portugal, entre 1933 a 1974.
As pessoas livres, na sua maioria das vezes, não têm consciência da importância da liberdade, ela é qualquer coisa de tão natural como o ar que se respira. A conceção do sistema democrático não se esgota nos partidos políticos, mas faz destes uma condição essencial para o seu funcionamento. O reforço da agressão gratuita e sem fundamento aos agentes políticos, que expõe, de certa maneira, um tipo de “frustração coletiva” que a democracia foi incapaz de amparar e reparar, constrói o caminho ideal para que determinados protagonistas a utilizem, sem qualquer tipo de pudor, para impor uma agenda oculta que transforma os cidadãos livres em súbitos sem direitos.
A Política, com “P” grande, para além de várias outras coisas relevantes, tem a responsabilidade de acrescentar, ao que foi conquistado, formulações inovadoras e diferentes, de reconhecer a urgência em aproximar cada vez mais os instrumentos políticos dos movimentos naturais da alma dos cidadãos, de promover a inclusão dos excluídos e de abrir e estimular a participação cívica, como resposta ao descrédito e ao insulto.
António Gramsci dizia que “a crise existe quando o que é velho está a morrer e o que é novo não consegue nascer”. Bem sei que a perenidade utópica não se mede por breves e fugazes palavras, mas por processos que são longos e arrastados na linha do tempo, no entanto, agir em nome da liberdade faz de nós pessoas com “P” grande. Façamos todos a parte que nos toca.