Terça-feira, 20 de Maio de 2025
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Paulo Reis Mourão
Paulo Reis Mourão
Economista e Professor Universitário na Universidade do Minho. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Reconhecimento e exigência para as Maiores de Trás-os-Montes

A edição deste ano das 500 Maiores Empresas da Região aparece num período de assimilação do choque político derivado da queda do Governo maioritário do Partido Socialista.

Depois de António Costa ter resistido a vários casos polémicos, suportado pelo beneplácito das diversas sondagens que o têm acompanhado desde há 8 anos, o país assistiu à queda do Governo debaixo de suspeições levantadas pelo Ministério Público envolvendo várias figuras do executivo.

As empresas da região não detêm uma exposição diferente das empresas portuguesas sediadas noutras regiões. No entanto, a suspensão do ciclo de negócios projetado para o período coincidente com o da legislatura vai obrigar a reafetações de valores, a mudanças nos orçamentos em discussão nas diversas entidades privadas e públicas para o exercício de 2024, assim como na expectativa da solução governativa que possa aparecer.

Espera-se, no entanto, que uma Democracia com 50 anos seja uma Democracia com instituições maduras, capazes de gerarem uma solução que reduza os custos do adiamento da posse do próximo Governo. Os próprios agentes económicos o esperam. Por uma via, o exemplo da indefinição do executivo em Espanha (num clima de turbulência política que vigora há mais de meio ano) mostra que a generalidade dos cidadãos, em regimes democráticos europeus, olha com naturalidade adulta as “crises” políticas. Mas, por outro lado, a crise política, por mais pequena que seja, é sempre uma crise grande para as empresas mais frágeis, para a classe dos desempregados, para o grupo dos pensionistas e para toda uma economia em redor das decisões públicas. Dentro dos cenários levantados, todos desejam que todas as instituições sejam responsáveis.

Olhando para os números divulgados na revista do jornal “A Voz de Trás-os-Montes”, podemos concluir que, para as empresas maiores da região, 2022 (ano de fase final da pandemia) foi um ano no geral positivo – aumento do volume de negócios e melhoria do resultado líquido para as empresas no topo. No entanto, nalguns casos, a evolução não foi tão positiva assim como se registou na redução de pessoal, em média, em 30% da amostra. Verifica-se ainda uma certa cristalização no topo do ranking. Se o valor médio do resultado líquido destas 500 Maiores fosse distribuído pelos residentes da região, cada um de nós estaria mais rico 1000 euros do que no ano anterior. Isto significaria um aumento de quase 5% do rendimento médio. Mas como a maioria dos leitores bem percebe, nem houve esse aumento para a maioria de nós nem houve esse influxo na região.

Portanto, dentro dos cenários de instabilidade governativa, importa que a região olhe agora para as suas maiores empresas com reconhecimento, mas também com exigência:

– Reconhecimento da capacidade destas empresas em ajudarem a região a não ficar tão dependente dos salários dos vencimentos do funcionalismo público ou equiparado;

– Mas também exigência para com estas empresas de modo a que compensem a região pelo usufruto dos recursos primários, da mão de obra qualificada, e da qualidade de vida;

– Reconhecimento da capacidade destas empresas em dinamizarem a economia da região, diretamente e indiretamente, contribuindo para uma integração mais eficaz dos recursos endógenos na economia global;

– Mas também exigência para com estas empresas em pagarem o mesmo na região que outras empresas, com desempenho similar e por vezes até da mesma holding, pagam noutras regiões, remunerando com justiça quer os administradores, quer os colaboradores operacionais, quer o pessoal técnico e administrativo.

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