Um opta pelo caminho longo, consciente que a reforma tem de ser feita, demora a implantação de algo que desagrada a maioria da população, enquanto outro, face ao estado crítico do país, atalha caminho em urgência de resolver problemas económicos e sociais, consciente dos sacrifícios para o estrito cumprimento de metas que também não agradam a ninguém. O cidadão, face a esta realidade, embala em cantigas de revolta, identifica-se com quem ignora o estado social e pretende quebrar com o sistema custe o que custar. Irónico é ver de longe a preocupação sobre mais habitação, mais controlo de fronteiras quando ao perto proferiram o contrário.
Algumas reformas de estado penalizam o direito à qualidade de vida e aos serviços públicos, isso bem patente na área da saúde com desinvestimento nos centros hospitalares, outra criação reformista, a falta de médicos, enfermeiros e assistentes, etc. Não parando por aqui, a reforma no ensino (obrigatório e superior) também se nota com menos professores para um universo de menos alunos, menos habitações para os estudantes e agora menos investimento na ciência e tecnologia.
Reformar é fundir responsabilidades em superministérios e em empresas público-privadas para assegurar o cumprimento mínimo da lei e da constituição, sabendo também que a grande responsabilidade de estado sucumbe ao interesse económico. Pretende-se turismo, enaltecer a cultura e dar nova vida aos monumentos extinguindo Direções Regionais de Cultura determinantes e fiscalizadoras dos bens culturais nacionais, e absorvidas numa super-entidade que dita o desenvolvimento regional e a coesão territorial. Na prática observa-se que não há interesse de estado em defender o mesmo, em assegurar o respeito do património e identidade cultural para que o setor possa florir em múltiplas línguas e os destinos fantásticos transformem centros históricos numa descaracterização cultural. Quanto ao ambiente, agora extingue-se, ou melhor reforma-se a entidade que garante a conservação da natureza e da floresta preferindo assim a cor cinza na paisagem já por ela despida de floresta autóctone em prol das monoculturas, em prol do cumprimento de metas ambientais 2030 que causam grandes impactos ambientais disfarçados por conceitos de energias limpas e verdes num território queimado.
Agora forçam gasto adicional do nosso PIB para a NATO à custa das entidades responsáveis pela melhoria da qualidade de vida, da cultura, da ciência e do ambiente, pois as entidades que levantam dúvidas, obrigam ao cumprimento da lei e levantam condicionantes. A solução é reformar. Talvez este reformismo prejudica o estado social e segrega em quem tem capacidade económica para garantir o acesso à saúde, habitação, educação e cultura num ambiente poluído.


